Título: Fim de patentes preocupa as grandes farmacêuticas
Autor: Arnst, Catherine
Fonte: Valor Econômico, 12/02/2008, Empresas, p. B9

As mulheres que sofrem com ossos fragilizados podem ter comemorado a data de 6 de fevereiro. Nesse dia, venceu a patente do remédio contra osteoporose Fosamax, da Merck, e os pacientes puderam começar a comprar versões genéricas. Os preços, levando em conta casos passados, deverão ficar entre 40% e 60% mais baixos do que os US$ 90 por mês que o Fosamax costuma custar.

O forte declínio de preço dos genéricos, no entanto, traz inquietação aos laboratórios farmacêuticos. Apenas neste ano, mais de dez drogas importantes perderão a proteção de patente e não há substitutos com vendas similares à vista saindo das linhas de produção.

Em 2010, Lipitor, um redutor de colesterol de altas vendas, perderá a patente. O medicamento mais vendido do mundo gerou vendas de US$ 13 bilhões para a Pfizer no ano passado e a empresa ainda está por lançar algum remédio de vendas similares.

A consultoria IMS Health informa que até 2011 medicamentos com vendas de US$ 60 bilhões verão a patente expirar. Fabricantes de genéricos, que detém 60% do mercado de vendas sob receita nos Estados Unidos, só têm a ganhar. "Entre os seis primeiros meses e um ano após uma marca ficar sem patente, perde 80% da receita para os concorrentes genéricos", diz Amanda Zuniga, analista sênior da empresa de pesquisas de mercado Cutting Edge Information.

Os grandes laboratórios, contudo, tentam estancar essa corrida aos genéricos com a criação de uma categoria relativamente nova: a de genéricos de marca. Basicamente, o fabricante original licencia cópias exatas de seu remédio de marca para um fabricante de genéricos, o que lhe permite receber parte da receita com as vendas. A estratégia atrai os pacientes que se sentem mais confortáveis com um nome familiar. A Merck, por exemplo, assinou um acordo em 11 de janeiro para fornecer o Fosamax à Watson Pharmaceuticals. "Tornou-se uma grande tática para os laboratórios farmacêuticos", diz Zuniga. "É sua última chance de continuarem competitivos."

Especialistas médicos, no entanto, recomendam aos pacientes avaliar os genéricos de marca como qualquer outro medicamento. "O genérico de marca não tem vantagem sobre qualquer outro genérico", afirma Catherine Tom-Revzon, do Montefiore Medical Center, em Nova York. "Não há motivo para continuar com a marca se houver um genérico disponível."