Título: Ministro quer dilatar lista de exportadores para a UE
Autor: Cruz, Patrick
Fonte: Valor Econômico, 12/02/2008, Agronegócios, p. B14

O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, defendeu ontem a liberação de "pelo menos 5 mil fazendas" para exportar carne à União Européia. O bloco suspendeu as importações de carne bovina brasileira depois de o Brasil apresentar uma lista com 2.681 fazendas aptas a vender à UE, que insiste em uma lista menor, com 300 propriedades.

"Evidentemente que uma lista de 300 não é suficiente. Com 300 fazendas você não consegue encher um contêiner", afirmou Stephanes. "Para haver densidade de exportação, tem que ser pelo menos 5 mil fazendas". Momentos antes, o ministro disse que o número ideal seria de 3 mil a 5 mil propriedades. Sob a impasse com a UE, o Brasil elaborou uma segunda lista com 683 fazendas.

A primeira lista, com as mais de 2,6 mil propriedades, foi definida nos 30 dias dados pela UE. Em reunião com a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Carne Bovina do Estado de São Paulo, o ministro admitiu as dificuldades da elaboração da lista nesse prazo. "Foi tudo fechado na correria, segundo o ministro. Aconteceu de maneira ruim", reportou Constantino Ajimasto Júnior, presidente da câmara, que acompanhou o encontro com Stephanes.

Apesar do acerto entre o Ministério da Agricultura e os governos dos Estados exportadores para que o enxugamento do número de fazendas habilitadas para vender carne bovina à União Européia fosse harmônica e evitasse novas disputas e pressões, novas listas preparadas por Minas Gerais, Santa Catarina e Espírito Santo mostram que o processo não será nada simples.

O caso mineiro comprova que o potencial para novas divergências é grande. A lista original do Estado era composta por 1.237 propriedades e a revisão diminuiu o número para 512, mas ainda assim muito acima do que querem os europeus. Em Santa Catarina e no Espírito Santo, os ajustes definidos fizeram o número de propriedades cair para 32 em cada Estado.

Sem contar Rio Grande do Sul, Goiás e Mato Grosso, portanto, já seriam 576 propriedades de um total previsto pelo ministério em 683. Em Brasília, a explicação para este movimento é simples: os governos estaduais querem deixar o ônus de um corte mais profundo para o ministério.

Stephanes estimou que as discussões sobre o embargo da UE à carne brasileira podem durar mais de quatro meses. "Podemos atender as exigências, que, sob alguns aspectos, são descabidas", disse. Segundo ele, as exportações à Europa podem ser absorvidas por outros mercados, embora não haja interesse pela substituição total.