Título: BB supera R$ 1 bilhão em crédito às microempresas
Autor: Ribeiro, Alex
Fonte: Valor Econômico, 12/02/2008, Finanças, p. C

O Banco do Brasil ultrapassou em janeiro a marca de R$ 1 bilhão em empréstimos a pequenas e micro empresas dentro dos chamados Arranjos Produtivos Locais (APLs), uma iniciativa conjunta com órgãos do governo e da sociedade civil que identifica e ajuda a estruturar cadeias econômicas localizadas em uma mesma região geográfica.

O que a princípio parecia ser apenas um programa de governo para fomentar o desenvolvimento econômico acabou por se transformar, para o BB, em um negócio rentável e interessante. O índice de inadimplência nas operações dentro dos arranjos produtivos é um ponto percentual mais baixa do que nas operações de crédito tradicionais com pequenas e micro empresas.

Também tem sido uma forma eficaz para fidelizar clientes, quando se acirra a competição entre os bancos pelo nicho de pequenos negócios. E o grau de relacionamento das empresas integrantes dos arranjos produtivos é em média maior do que nas demais pequenas e microempresas da carteira do BB, o que gera uma receita mais alta por cliente.

"A inadimplência nos arranjos produtivos é menor porque instituições, como governos locais e o Sebrae, atuam conjuntamente na organização dos negócios e fornece assistência técnica ", afirma Antônio Sérgio de Carvalho Rocha, gerente-executivo da diretoria de micro e pequenas empresas do BB. "Bem orientados, os negócios têm mais chances de prosperar." O BB estuda criar uma linha de crédito com juros menores exclusivamente para empresas vinculadas a arranjos produtivos.

Dentro do BB, o programa nasceu em 2003, quando o banco resolveu apoiar quatro arranjos produtivos, que, na época, geraram uma carteira de R$ 63 milhões. Hoje, são 146 arranjos produtivos distribuídos em cerca de 600 municípios, com carteira de R$ 1 bilhão. Para este ano, a meta é chegar a 170, elevando a carteira para R$ 1,5 bilhão. Entre os arranjos produtivos bem-sucedidos estão a produção de roupas íntimas da região de Nova Friburgo (RJ), vinhos na Serra Gaúcha (RS) e o pólo de tecnologia da informação de Recife (PE).

É uma iniciativa intensiva de mão-de-obra, que, em alguns casos, dá retorno ao banco no médio prazo. Num típico arranjo produtivo, orgãos como o Sebrae entram fornecendo a capacidade técnica para tocar os negócios. O BB destaca um gerente para cada uma das cadeias produtivas, que funciona como uma espécie de consultor financeiro. "Custa mais para o banco porque é diferente da abordagem tradicional das micro e pequenas empresas, em que aguardamos o cliente chegar ao balcão de atendimento", afirma Rocha.

Esse investimento na criação dos arranjos produtivos locais garante maior fidelidade dos empresários depois que o negócio começa a andar bem. "Quando um arranjo produtivo é bem-sucedido, outros bancos tentam entrar no negócio, mas conseguimos manter nossa posição graças ao vínculo inicial que criamos", afirma Rocha. O grau de relacionamento também é mais intenso. A carteira de pequenas e microempresas do BB é composta por 1,7 milhão de clientes, que demandam R$ 23,3 milhões em crédito. As 11,7 mil empresas que estão nos arranjos produtivos já demandaram R$ 1 bilhão.