Título: Preços baixos afetam safra de cana do NE
Autor: Scaramuzzo, Mônica
Fonte: Valor Econômico, 18/02/2008, Agronegócios, p. B11

Mais de 70% da atual colheita de cana-de-açúcar está concluída na região Nordeste do país. A expectativa é que as usinas de açúcar e álcool da região processem 61 milhões de toneladas nesta safra 2007/08, um crescimento de 11% sobre o ciclo anterior.

"A safra segue normal, com chuvas beneficiando os canaviais neste verão", afirmou Renato Cunha, presidente do Sindicato das Indústrias de Açúcar e Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar/PE).

Com uma das melhores safras dos últimos anos, os produtores do Nordeste reclamam, contudo, dos baixos preços do açúcar e do álcool no centro-sul do país. "Isto pode comprometer o tamanho da safra futura. Os produtores de cana não estão muito dispostos a investir em tratos culturais", afirmou Cunha. A renovação dos canaviais nordestino ocorre durante toda a safra e o período de adubação entre abril e junho.

A safra do Nordeste vai de abril a setembro e tradicionalmente é beneficiada pelos preços do centro-sul, que seguem firmes durante a entressafra na região - de dezembro a abril. No entanto, as cotações do açúcar e do álcool no centro-sul estão pouco atraentes por conta dos estoques confortáveis do produto neste período, o que afeta o Nordeste.

Alagoas e Pernambuco são, respectivamente, os maiores produtores nordestinos de cana. O indicador mensal de preços do açúcar em Alagoas ficou em R$ 28,74 em janeiro passado, com baixa de 3% sobre dezembro. Para o álcool, o litro médio do hidratado saiu a R$ 0,80501 (sem impostos), com queda de 3,5% sobre dezembro. Em Pernambuco, as cotações médias ficaram em R$ 26,09, com recuo de 6,49% sobre o mês anterior.

O hidratado, por sua vez, ficou em R$ 0,77669 (sem impostos), desvalorização de 4,3%, segundo levantamento mensal do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). "Os preços dos produtos estão em média até 20% mais baixos [sobre o mesmo período do ano passado]", afirmou.

De acordo com Cunha, a expectativa é de que o Nordeste produza 4,6 milhões de toneladas de açúcar, com alta de 9,5% sobre 2006/07. A oferta de álcool deverá ficar em 1,9 bilhões de litros, aumento de 14,7% sobre o ciclo anterior. Do total produzido, as usinas do Nordeste exportam 25% do álcool e 70% do açúcar.