Título: Posse conquistada. Só faltou o primeiro ato
Autor: Khodr, Carolina
Fonte: Correio Braziliense, 03/02/2011, Política, p. 4

Quatro deputados não participaram da eleição para a Presidência da Câmara. Um deles viajava para o exterior

Quatro parlamentares não registraram seus votos no pleito que definiu ontem a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados. Ênio Bacci (PDT-RS) e João Lyra (PTB-AL) estiveram no plenário no momento da votação, mas não conseguiram registrar a escolha. Já os deputados André Zaharow (PMBB-PR) e Carlinhos Almeida (PT-SP) não estavam presentes no ato.

O deputado Ênio Bacci explicou que fez uma confusão no momento do pleito e que, quando questionou se poderia computar o seu voto pelo painel, apenas registrou presença por meio de senha. ¿Só no fim da votação percebi meu erro, mas como já estava certo que apoiaria Marco Maia, o equívoco não fez muita diferença¿, disse.

Problema diferente ocorreu com João Lyra. O parlamentar disse que tentou várias vezes registrar o seu voto na cabine, mas o equipamento não reconhecia sua digital. ¿Fiquei mais de 25 minutos tentando e os técnicos vieram me auxiliar. Chegaram a passar um pano com um produto no meu dedo, mas nada resolveu¿, reclamou. De acordo com a assessoria do deputado, um novo cadastro foi feito ontem para que a situação não volte a ocorrer nas próximas votações.

No ar O deputado André Zacharow esteve no Congresso Nacional para a cerimônia de posse, mas viajou em seguida para os Estados Unidos. A assessoria do parlamentar relatou que a viagem é oficial, mas foi realizada sem custeio da Casa. De acordo com o chefe de gabinete do deputado, a agenda diz respeito a um convite do presidente Barack Obama para um café da manhã com executivos de diversos países. Ainda segundo informações do gabinete, este é o segundo ano consecutivo em que Zacharow é convidado para participar do evento.

O caso de Carlinhos Almeida é diferente. Ele ainda não foi empossado como deputado federal ¿ atua como deputado estadual em São Paulo, onde ocupa a Primeira-Secretaria na Assembleia Legislativa do estado. Pelo regimento da Câmara dos Deputados, os eleitos têm até 30 dias para tomar posse e o parlamentar pediu à Casa que assumisse o cargo apenas no fim deste mês. De acordo com a assessoria do deputado em São Paulo, o presidente da mesa do Legislativo paulista, Barros Munhoz (PSDB-SP), pediu que Carlinhos permanecesse no cargo até o prazo máximo possível. A agenda do Legislativo estadual é diferente da do Congresso. Em São Paulo, os deputados estaduais eleitos no último pleito tomam posse apenas em 15 de março.

Quem são eles

Ênio Bacci (PDT-RS) Natural de Lajeado (RS), onde foi vereador em 1993, o parlamentar foi eleito pela quinta vez deputado federal. Em 2007, ainda no primeiro mandato na Câmara, licenciou-se para assumir o cargo de Secretário de Segurança do Estado do Rio Grande do Sul. Desde 1981 é filiado ao PDT, do qual foi presidente em 1991.

João Lyra (PTB-AL) Um dos maiores empresários de cana-de-açúcar em Alagoas, é o parlamentar com maior patrimônio declarado, mais de R$ 240 milhões. Assumiu pela segunda vez uma cadeira na Câmara. Antes disso, atuou no Senado Federal entre 1989 e 1991, e depois como deputado federal entre 2003 e 2007. Em 2006, chegou a disputar o governo de Alagoas, mas perdeu as eleições para Ronaldo Lessa (PDT-AL).

André Zacharow (PMDB-PR) Considerado um dos deputados mais faltosos da última legislatura, Zacharow conquistou pela terceira vez consecutiva uma vaga na Câmara dos Deputados. Natural de Jaguaraíva (PR), o economista foi diretor do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do Banco de Desenvolvimento do Paraná (Badep) e do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE).

Carlinhos Almeida (PT-SP) Antes de ser eleito por três vezes deputado estadual, Carlinhos, que era bancário e professor, foi também por três vezes vereador em São José dos Campos (SP). Em 2002, quando liderou a bancada do PT na Assembleia Legislativa do estado, foi apontado pela ONG Voto Consciente como um dos 25 melhores deputados estaduais da Casa.

Mesa sem suplentes

Edson Luiz

Não houve acordo para a composição final e a Mesa Diretora do Senado pode ficar sem os quatro cargos de suplente. Ontem, os partidos indicaram nomes às pressas depois da tentativa de acordo entre os líderes durante todo o dia, o que acabou não ocorrendo. O presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), afirmou que, caso não haja a votação na sessão de hoje, os cargos poderão ser declarados vagos.

O impasse aconteceu depois que o PT não quis ceder duas comissões permanentes ao PSDB em troca da Comissão de Infraestrutura, que, pela proporcionalidade, é dos tucanos. A proposta dos petistas era ceder vagas na suplência à oposição.

¿Queremos a Infraestrutura¿, afirmou o líder petista Humberto Costa (PE). ¿Se colocar a comissão nas mãos dos adversários, teremos dificuldades, por exemplo, na nomeação para as agências reguladoras¿, explicou o senador da base governista. Mas, se depender do PSDB, não haverá mais negociação. ¿Já temos a decisão: ficar com a Infraestrutura e não haverá troca. Nada vai alterar nossa decisão¿, observou o líder dos tucanos, Álvaro Dias (PR).

Ontem, foi o próprio Humberto Costa que sugeriu o adiamento da votação dos suplentes da Mesa Diretora para a próxima semana, o que não foi aceito por Sarney. Imediatamente, todos os partidos fizeram as indicações, mas a sessão só deverá ser reiniciada a partir desta quinta-feira.