Título: Sem reajuste de salários, servidores públicos ameaçam com paralisação
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 15/02/2008, Brasil, p. A2

Insatisfeitos com a decisão do governo de cortar cerca de R$ 5 bilhões previstos para aumentos de servidores públicos este ano, como parte da estratégia de tapar o rombo deixado pelo fim da CPMF, os representantes dos funcionários públicos prometem aumentar a pressão e convocar uma greve geral em março. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, reafirmou nesta quinta que não há como dar o reajuste previsto no projeto de lei orçamentária.

Sem citar datas, Bernardo disse que o aumento deverá ser protelado, o que na prática representará corte de boa parte da despesa. "Como fazer reajustes num momento em que está faltando dinheiro para fazer as despesas que já tínhamos? Vamos cumprir os acordos, mas vamos mudar os prazos", disse o ministro.

A proposta - ainda não oficial - é autorizar os reajustes apenas depois de outubro, o que reduziria esse impacto para cerca de R$ 1 bilhão. A conta integral desses aumentos seria repassada, portanto, para 2009. Para o governo não ser acusado de parcialidade, serão incluídos nessa estratégia todos os servidores, militares e civis, inclusive aqueles que já tiveram acordos de reajuste fechados em 2007.

Uma reunião agendada para a quarta-feira passada entre os sindicalistas e Bernardo foi cancelada, o que aumentou a insatisfação entre os servidores. Segundo o secretário-geral do Sindicato dos Servidores Públicos Federais do Distrito Federal (Sindsep-DF), Oton Pereira das Neves, a greve está na pauta e deve ser decidida no fim da próxima semana. " É inaceitável jogar todo o corte da CPMF em cima dos servidores. Não vamos aceitar postergar aumentos já fechados com o governo. A greve está pautada e vamos ver a avaliação dos demais delegados de todo o país nos dias 23 e 24."

O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, afirmou que a entidade vai fazer uma mobilização pela manutenção dos acordos, "Vai ter greve. A tendência é manter a mobilização sobre o governo para manter os acordos e os prazos. Será uma queda-de-braço."

De acordo com o Sindsep-DF, já fecharam acordos de reajuste com o governo funcionários do Banco Central, Ministério da Cultura, Hospital das Forças Armadas, Ibama e Ministério do Meio Ambiente. Outras cinco categorias (Incra, Funai, auditores fiscais, Seguridade Social e Dnit) aceitaram as propostas do governo, mas ainda não haviam fechado acordos. Sete categorias estavam com negociações em curso, mas foram interrompidas com o fim da CPMF.