Título: Atividade industrial deve se manter forte no primeiro trimestre, diz CNI
Autor: Galvão , Arnaldo
Fonte: Valor Econômico, 16/01/2008, Brasil, p. A2

Novembro teve, pela primeira vez em 24 meses, recuo do emprego industrial. A variação negativa foi de 0,1% sobre outubro mas, de janeiro a novembro do ano passado, houve crescimento de 3,8% em relação ao mesmo período de 2006. Essa é uma das principais informações daquele mês revelada ontem pela pesquisa mensal Indicadores Industriais realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Apesar disso, os economistas da entidade, Flávio Castelo Branco e Paulo Mol, disseram que é cedo para concluir se essa ligeira queda no emprego é apenas um episódio ou uma acomodação mais importante.

Os segmentos da indústria de transformação que mais impulsionaram o aumento do emprego, de janeiro a novembro, foram: outros equipamentos de transporte, refino/álcool e alimentos/bebidas. Madeira, material eletrônico e de comunicação e vestuário foram os três que tiveram as piores quedas no emprego nesses 11 meses.

Na perspectiva econômica para este ano, os economistas da CNI afirmaram que o "efeito carregamento" do último trimestre de 2007 vai fazer com que o ritmo da indústria continue forte nos primeiros três meses de 2008. "O primeiro trimestre deste ano parece ser bastante positivo. Os preços industriais estão comportados, mas há pressão inflacionária dos alimentos. No cenário internacional a preocupação é com a economia americana", analisou Castelo Branco.

Apesar da pequena redução no emprego, novembro teve aumento de 6,8% nas vendas da indústria na comparação com o mesmo mês em 2006. Com relação a outubro, houve leve aumento de 0,7%. De janeiro a novembro, o crescimento foi de 5,1% e Castelo Branco afirmou que esse ritmo deve ser mantido no início de 2007. Novembro foi o quinto mês consecutivo de elevação nas vendas do setor, apesar da valorização do real.

Os setores que mais contribuíram para o aumento das vendas industriais, de janeiro a novembro, foram máquinas/equipamentos, alimentos/bebidas e veículos automotores. Efeito contrário foi atribuído aos segmentos de madeira, produtos químicos e material eletrônico e de comunicação.

Os indicadores industriais de novembro também mostraram que a massa salarial cresceu 4,6% sobre o mesmo mês em 2006 e 4,9% nos 11 meses do ano passado. Os economistas da CNI explicaram que essa variação foi provocada principalmente pelo aumento dos postos de trabalho, não por meio do aumento dos salários.

As horas trabalhadas na produção em novembro - esse é o indicador mais próximo da atividade da indústria - tiveram crescimentos de 3% na comparação com o mesmo mês de 2006 e 3,9% no período janeiro-novembro. Pelos números da CNI, os setores com atividade mais dinâmica no período janeiro-novembro foram: alimentos/bebidas, máquinas/equipamentos e veículos automotores. Os três piores desempenhos ocorreram em material eletrônico e de comunicação, têxteis e vestuário.

Na comparação com outubro, houve redução de 0,5% nas horas trabalhadas, mas essa variação negativa foi atribuída pelos economistas da CNI ao "efeito calendário". Isso significa que novembro teve menos dias úteis. No mesmo sentido revelaram que os indicadores de dezembro vão mostrar que o mês passado teve apenas 18 dias úteis.

O uso da capacidade instalada da indústria manteve-se alto em novembro (82,9%). Em outubro, foram 82,8%. Mas os economistas da CNI disseram que não estão preocupados, porque recente pesquisa da entidade revelou que a maioria das indústrias está preparada para atender à forte demanda interna. Eles também ressaltaram que esse patamar de uso da capacidade do setor traz a expectativa de mais investimentos.

Castelo Branco também comentou ontem que o fim da CPMF vai deixar com as pessoas e com as empresas os quase R$ 40 bilhões que seriam arrecadados este ano. Ponderou que parte desse aspecto positivo foi neutralizado com os aumentos do IOF e da CSLL para os bancos. Na sua visão, esse aumento da carga tributária vai prejudicar o crédito, mas não chegará a inverter a trajetória de crescimento.