Título: Lobão diz que dará cargos a outros partidos
Autor: Ulhôa, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 18/01/2008, Pólitica, p. A6

Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr Hubner a Lobão: notícias positivas sobre a situação das hidrelétricas e do funcionamento das termoelétricas Depois de conversar com a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) ontem, o futuro ministro de Minas e Energia, senador Edison Lobão (PMDB-MA), afirmou acreditar que não haverá cortes nos investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) previstos para o setor. Disse que trocará auxiliares, mas deixou claro que o PMDB não terá exclusividade das nomeações.

"Esse ministério não será, como os demais também não são, um ministério de porteira fechada. O ministro é do PMDB, muitos cargos serão ocupados por indicações do PMDB, mas haverá também diretores de estatais de outros partidos", afirmou. Segundo Lobão, Dilma não pediu que mantivesse qualquer dos atuais ocupantes de cargos da Pasta. Lobão assumirá na segunda-feira.

"Estive com a ministra duas vezes, ontem e hoje. Ela não me fez pedido por nenhum dos secretários. Ainda assim, alguns podem ser preservados, outros não", afirmou. As trocas serão feitas em até 30 dias. Os critérios serão competência, necessidade da presença do funcionário na função e o interesse do PMDB.

De acordo com Lobão, sua autoridade no ministério não estará ameaçada. "Não tenho dúvida de que manterei minha autoridade. Sem autoridade ninguém governa nada. Ninguém precisa ser truculento para governar, mas precisa ter autoridade."

Sobre sua afirmação de que os recursos do PAC destinados à área serão preservados, Lobão disse que a ministra não foi categórica. "Só o fato de a ministra não me avisar que haverá corte, fico no pressuposto de que não haverá", afirmou. Além de Dilma, o senador reuniu-se também com o atual ocupante do cargo, Nelson Hubner, que já declarou a intenção de não ficar no ministério.

Lobão não pôde evitar perguntas sobre as acusações contra seu filho Edison Lobão Filho (DEM-MA) - seu primeiro suplente no Senado. Considerou-as "perseguição". Disse que o filho deve assumir a cadeira no Senado e se licenciar em seguida, para se defender.

"Ele pretende se licenciar para responder lá fora as alegações que se fazem contra ele, do ponto de vista empresarial. É tudo injusto e falso", disse. O futuro ministro afirmou que a polêmica envolvendo o filho não atrapalhará sua gestão, mas admitiu que "toma muita energia".

Lobão manifestou otimismo quanto ao fornecimento de energia em 2008. Recebeu notícias positivas de Hubner sobre a situação das hidrelétricas e do funcionamento das termoelétricas - em caráter preventivo, para evitar problemas em 2009. Uma das notícias boas veio da Cemig, relativa às chuvas na região. Foi informado que sobrará água em março nos reservatórios. Para mostrar a diferença da situação atual das hidrelétricas em relação a 2001, quando houve o apagão, Lobão exibiu um mapa da curva de aversão ao risco, que mostra o comportamento das chuvas. Pelo mapa, hoje a situação dos reservatórios é bem melhor.

Com Dilma, Lobão conversou sobre a situação do Ministério do Meio Ambiente. "Ela falou com otimismo do Ministério do Meio Ambiente, que começou a garantir mais velocidade nos licenciamentos." Segundo Lobão, enquanto no exterior a média de obtenção de licenciamento ambiental é de um a dois anos, aqui no Brasil é de quatro anos.

Lobão admitiu que um dos cotados para a secretaria executiva do ministério é Márcio Zimmermann, secretário de Planejamento e Energia. Disse que há outros nomes, e não descartou o economista Miguel Colassuono, ligado ao ex-governador de São Paulo Orestes Quércia (PMDB). A decisão deve ser tomada hoje ou amanhã.