Título: Em contratos de R$ 1 bi, Telemar elege fornecedores para rede móvel
Autor: Magalhães , Heloisa
Fonte: Valor Econômico, 16/01/2008, Empresas, p. B3

A Oi (ex-Telemar) assinou ontem os contratos para instalação da infra-estrutura de terceira geração (3G) de telefonia celular nos 17 Estados onde já atua e em São Paulo, o que permitirá a chegada da empresa ao mercado paulista.

O contrato está sendo estimado em R$ 1 bilhão. No primeiro ano, permitirá a oferta de serviços de terceira geração em 53 municípios da área atual de concessão. Também foi acertada a instalação de redes de segunda e terceira gerações em São Paulo.

Procurada, a Oi não confirmou o total dos contratos, mas o Valor apurou que a cobertura, já no primeiro ano, será em todo o território paulista, com operação comercial prevista para estrear até julho.

Para o núcleo da rede, quem venceu a disputa foi a Nokia Siemens. A parceria entre as fabricantes finlandesa e alemã também levou contrato para fornecer metade dos equipamentos necessários para os acessos, isto é, as estações de recepção e transmissão. A outra metade ficou com a chinesa Huawei.

A decisão quanto aos fornecedores foi tomada pela Oi no dia 21 de dezembro, no dia seguinte ao término do leilão das freqüências de 3G. Apresentaram proposta, além dos vencedores, Alcatel-Lucent, ZTE e Ericsson. Todos foram comunicados da decisão da empresa no dia 22.

A Oi tem pressa. Fixou o cronograma de implantação em três anos, mas a maior parte será instalada já em 2008. Para os dois anos seguintes, a velocidade do projeto caminhará conforme a demanda.

Apesar de em São Paulo a concorrência na telefonia celular ser acirrada, a Oi parte com a vantagem de ser o único Estado onde atuam três grandes operadoras - nos demais são quatro. Os planos são entrar no mercado varejista com grandes volumes. A telefonia fixa continuará voltada para o segmento corporativo.

Em novembro, o Valor antecipou que a Oi estava se preparando para implementar sua estratégia de nacionalização, com a montagem de uma ampla filial na capital paulista.

Desde novembro, quem está à frente da chamada internamente de "operação São Paulo" é Roderlei Generali. Ele ocupava a diretoria do mercado corporativo. Ainda estão sendo criados novos cargos, com gerentes de diferentes níveis que se transferiram-se do Rio para São Paulo.

A Oi já tinha escritório na capital paulista para atender os clientes corporativos que utilizam a rede da antiga de Pegasus, empresa adquirida em 2002 da Andrade Gutierrez, uma das controladoras da Telemar.

No projeto da rede de 3G, os fornecedores serão responsáveis por todos os elementos da implantação. Quanto aos aparelhos de celular que serão vendidos, a operadora ainda não teria fechado contrato com os fabricantes. Os maiores, entretanto, já estão começando a produzir no país terminais adaptados à nova tecnologia.

A dúvida entre analistas é se a Oi manterá a estratégia adotada na sua área de atuação de vender apenas o chip, sem fazer com que o consumidor precise comprar também o terminal. Em relação aos novos assinantes de segunda geração que terá em São Paulo, é muito provável que mantenha a venda apenas do chip, pois com essa estratégia conseguiu ampliar as vendas nos Estados onde atua.

Ainda não há informações quanto à possibilidade de ter serviço pré-pago na 3G. Como o grande trunfo da nova tecnologia é a banda larga, abre-se a possibilidade de que um eventual serviço pré-pago venha atrair o usuário que não pode arcar com o compromisso mensal de uma assinatura do serviço.

O financiamento da nova infra-estrutura da Oi foi acertado diretamente com os fornecedores. A possibilidade de um apoio por meio do BNDES - que deverá abrir uma linha específica para 3G - ao que tudo indica não foi cogitada. Mas é dado como certo o apoio do banco à compra do controle da Brasil Telecom pela Oi.

O último empréstimo concedido pelo BNDES à Oi foi em 20-06. Foram R$ 2,4 bilhões. O total em financiamentos junto ao banco estatal desde a privatização da empresa soma R$ 6,5 bilhões. Foi o maior valor cedido às concessionárias de telefonia.