Título: Andróide do Google vem forte na esteira do iPhone
Autor: Moreira, Talita
Fonte: Valor Econômico, 15/02/2008, Tecnologia & Telecomunicações, p. B4

O andróide ainda não tem formas muito bem definidas - por enquanto, é apenas um desajeitado emaranhado de circuitos e fios por baixo de uma tela. Mesmo assim, só se fala nele.

Batizada de Android, a plataforma de celular que está sendo desenvolvida por um consórcio de 34 empresas liderado pelo Google, roubou a cena nos corredores do Mobile World Congress, principal evento mundial de comunicações móveis, realizado nesta semana em Barcelona.

Protótipos do aparelho foram apresentados nos estandes de algumas das empresas que estão trabalhando no desenvolvimento do pacote de softwares. E onde quer que houvesse um exemplar, havia um aglomerado de curiosos ao redor.

Companhias como as americanas Texas Instruments e Qualcomm e a japonesa Nec colocaram em demonstração protótipos baseados nas plataformas que criaram para dar suporte ao "Google Phone".

O aparelho ainda não tem uma "cara" definida. Mas os modelos expostos confirmam que o celular será equipado com tela sensível ao toque, como o iPhone, da Apple, e terá uma série de aplicativos multimídia dispostos de forma simples de usar.

O celular deverá contar com mais de 20 aplicações de uso gratuito, em conformidade com o modelo de negócios do Google, afirmou Kiyoshi Tsuneki, responsável pela demonstração do produto na Nec.

O Android tornou-se o centro das atenções neste ano, assim como em 2007 o iPhone foi a ausência mais comentada do evento. Passados 12 meses, os celulares sensíveis ao toque lançados pela Apple disseminaram-se entre os fabricantes de aparelhos, mas continuam chamando a atenção.

O presidente da Telefónica, Cesar Alierta, anunciou que fechou contrato com a Apple para ter a exclusividade sobre as vendas do iPhone na Espanha. O anúncio foi feito na companhia do ministro da indústria, comércio e turismo daquele país, Joan Clos. Como as negociações são regionais, ainda não está claro se o acordo da Telefónica ajudará a companhia a levar o iPhone para uma das operadoras nas quais tem participação acionária no Brasil: Vivo e TIM. A empresa de Steve Jobs só fecha contrato com uma tele em cada país.

Numa entrevista concedida à imprensa na segunda-feira, executivos da Nokia foram questionados por jornalistas sobre quando a fabricante finlandesa lançará celulares sensíveis ao toque. No segundo semestre, afirmou o presidente da empresa, Olli-Pekka Kallasvuo. Entretanto, ponderou que esse tipo de aparelho "não é resposta para tudo". "É preciso ter uma razão para isso."

Mas parece ser resposta para algumas coisas. O principal executivo da área de operações móveis do Google, Vic Gundotra, disse ao "Financial Times" que a empresa tem registrado um volume de buscas 50 vezes maior no iPhone do que em qualquer outro aparelho móvel. Segundo ele, em alguns anos as pesquisas feitas do celular ultrapassarão as realizadas na internet fixa.

Por isso mesmo, a companhia californiana está empenhada em aprofundar sua estratégia para a mobilidade, seja por meio de acordos com operadoras e fabricantes de celular, seja por meio da plataforma aberta do Android.

No campo que mais lhe é familiar - o dos mecanismos de buscas -, o Google tem enfrentado, na internet móvel, mais concorrência do Yahoo do que na web tradicional. Em outros serviços, como o de mapas, começa a ter a competição da Nokia, que lançou nesta semana uma nova versão de seu software Maps e uma ferramenta de localização para pedestres.

No segmento dos sistemas operacionais, a plataforma aberta fomentada pelo Google e baseada em Linux disputará mercado com uma série de outros programas - particularmente Symbian e Windows Mobile. O Symbian é resultado de um consórcio formado por Ericsson, Nokia, Panasonic, Samsung, Siemens e Sony Ericsson. O Windows Mobile é a versão para celulares da Microsoft.

A repórter viajou a convite da Nokia