Título: Nem 10 na estreia
Autor: Khodr, Carolina
Fonte: Correio Braziliense, 04/02/2011, Política, p. 6

No Senado Federal, a situação era parecida com a da Câmara. Os parlamentares registraram o ponto, mas nem sempre estavam em plenário discursando ou discutindo os temas que consideram importantes, como as reformas política e tributária, anunciadas pelo presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP). Às 14h30 de ontem, hora marcada para começar a sessão que escolheria os suplentes da Mesa Diretora, havia menos de 10 senadores no local. Às 15h19, quando acabou a votação, o painel eletrônico registrava a presença de 56 dos 81 políticos. Poucos minutos depois, até mesmo Sarney saiu, deixando seu lugar para a vice-presidente, Marta Suplicy (PT-SP).

A sessão se estendeu até pouco depois das 19 horas, mas, apesar de estar registrado a presença de 66 parlamentares, apenas três senadores assistiram ao discurso do colega Gilvam Borges (PMDB-AP), incluindo Inácio Arruda (PCdoB-CE), que presidia os trabalhos. ¿Nossa, está vazio aqui¿, estranhou a novata Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), ao chegar ao plenário às 17h. Duas horas antes, ela tinha sido eleita suplente da Mesa Diretora. Vanessa permaneceu no local por algum tempo, até fazer o seu discurso. Em seguida, pegou a bolsa e também saiu.

Com uma plateia de senadores maior do que havia na votação, foi o discurso de Eduardo Suplicy (PT-SP), que mais chamou atenção no plenário e foi o mais debatido. Ele leu um manifesto de juristas em favor do ativista italiano Cesare Batistti (leia mais na página 8). Vários dos 61 parlamentares presentes se manifestaram a favor ou contra a extradição, mas quando a discussão ficou mais amena, muitos se retiraram. O mesmo aconteceu com o estreante Lindbergh Farias (PT-RJ). Depois de discursar sobre os problemas das cidades serranas de seu estado, que foram destruídas pelas chuvas, ele falou com jornalistas e deixou o plenário, sem retornar.

Outro novato, Randolfe Rodrigues (PSol-AP) ficou durante um bom tempo na sessão, mas, pouco antes das 18h, deu como lido o seu discurso em homenagem ao aniversário de Macapá e deixou o plenário, quando Wellington Dias (PT-PI) ocupava a tribuna. Até as 17h50, estavam com as presenças registradas no painel 65 senadores, quando o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), chegou pela porta que dá acesso à sala do cafezinho dos parlamentares. Ele registrou seu nome e saiu novamente do plenário, onde não esteve durante todo o dia, nem mesmo durante a votação dos suplentes da Mesa Diretora.

Das 14h30 às 19h, as presenças oscilaram dependendo do tema a ser discutido. Mas, a partir do fim da tarde, o número de senadores em plenário variou entre sete e 10. Segundo servidores da Casa, muitos viajaram o dia. Outros registraram suas estadas e ficaram pelos gabinetes ou estavam em reuniões políticas e de comissões. Waldir Raupp (PMDB-RO) era um dos casos. Ele não ouviu o discurso dos colegas, mas transitava por outras dependências do Senado. A estreante Gleisi Hoffmann (PT-PR) foi a única parlamentar a permanecer durante todo o tempo no plenário, onde chegou por volta das 14h20 e saiu depois das 19h. Fez discurso, elogiou colegas e parecia isolada até chegar às 18h o seu conterrâneo Roberto Requião (PMDB), com quem ficou conversando na bancada.