Título: Petista espera aval de Lula para substituir Matilde
Autor: Grabois, Ana Paula
Fonte: Valor Econômico, 14/02/2008, Politica, p. A9

O deputado federal Edson Santos deve ser o novo ministro da Igualdade Racial, no lugar de Matilde Ribeiro, que pediu demissão após as denúncias de uso irregular do cartão corporativo do governo federal. A indicação, do PT do Rio, ainda precisa ser aprovada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas o presidente do PT fluminense, Alberto Cantalice, disse que a escolha de Santos para o cargo já foi aprovada pela direção nacional do partido. "Não trabalhamos com outro nome", afirmou.

Santos foi eleito pela primeira vez vereador em 1988 pelo PCdoB e, desde então, seguiu na carreira política. Em 2004, migrou para o PT, quando já estava em seu segundo mandato na Câmara Municipal do Rio. Elegeu-se também como vereador em 1996, 2000 e 2004. Em 2002, tentou o Senado, mas perdeu para o atual governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), e para o senador Marcelo Crivella (PRB). Em 2006, foi eleito deputado federal com o maior número de votos entre os candidatos petistas no Estado, com 105 mil votos.

Santos nunca militou diretamente na defesa dos direitos dos negros, mas diz contar com apoio de seus representantes. "Nunca fui envolvido diretamente com o movimento negro, mas tenho relação com eles como um porta-voz", disse deputado. Sua militância política foi iniciada em associações de moradores de comunidades carentes e ganhou corpo na defesa da habitação popular.

Em entrevista ao Valor, Santos preferiu não comentar o que pensa sobre o sistema de cotas para negros em universidades. O máximo que fez com relação à causa foi a autoria de um projeto de lei municipal que instituiu como feriado o Dia da Consciência Negra em 20 de novembro.

Com 53 anos, carioca, Edson Santos já foi segurança do hotel Sheraton e do Jockey Club do Rio para custear os estudos e interrompeu o curso de Ciências Sociais na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) ao entrar na política. Na secretaria, Santos pretende dar continuidade ao trabalho implementado por Matilde Ribeiro. "Não vou inventar a roda", afirmou. O deputado disse não se sentir em uma posição desconfortável para suceder a ex-ministra, alvo inicial das denúncias de má utilização do cartão corporativo. "Me coloco solidário a ela, que tem uma história de vida muito bonita."

Com a entrada na Secretaria Especial da Igualdade Racial, Santos sai da disputa interna do PT na escolha do candidato a prefeito do Rio nas eleições deste ano. Ficam agora como pré-candidatos a ex-ministra e atual secretária estadual de Assistência Social do Rio, Benedita da Silva, o deputado estadual Alessandro Molon e Vladimir Palmeira, derrotado nas eleições ao governo do Rio em 2006.

Segundo o presidente do PT no Rio, a chegada de Santos na secretaria fortalece o partido local, que antes conseguira emplacar somente o nome da ministra Nilcéa Freire na Secretaria de Políticas para Mulheres. "O PT do Rio é sub-representado no governo Lula", disse Cantalice.