Título: Mantega repete o discurso de que o país está preparado
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Fonte: Valor Econômico, 18/01/2008, Finanças, p. C2

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, vê com naturalidade a saída de capitais do país e acredita que novos períodos de turbulência nos mercados internacionais vão acontecer ao longo do primeiro semestre. Ele reafirmou, no entanto, que a economia brasileira está preparada para enfrentar essas oscilações.

"Temos uma desaceleração da economia americana e talvez uma recessão. É natural que ocorra alguma evasão de recursos. Nós continuaremos tendo alguma turbulência ao longo desse primeiro semestre", afirmou.

Na quarta-feira, o Banco Central anunciou que a saída de dólares do país superou as entradas em US$ 2,180 bilhões nos primeiros oito dias úteis de janeiro. Só da conta financeira, a evasão chegou a US$ 3,495 bilhões.

Para Mantega, a economia do país tem os quatro fundamentos para que o Brasil consiga enfrentar a crise: equilíbrio fiscal com a manutenção do superávit primário, inflação sob controle, vulnerabilidade externa reduzida e atividade econômica aquecida. "O Brasil hoje está cultivando os quatro fundamentos que permitem passar por essa crise. (...) São antídotos que temos para enfrentar essa crise."

Segundo ele, a turbulência dos últimos dias é resultado da divulgação das perdas dos bancos com os créditos subprime (de alto risco) e que essas perdas já eram esperadas.

O ministro voltou a afirmar que a meta de superávit primário - de 3,8% do PIB - não será alterada, e que, para isso, o governo executará os cortes de R$ 20 bilhões no Orçamento para compensar o fim da arrecadação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).

Sobre a inflação, Mantega disse que, embora os preços dos alimentos tenham subido, não é um fator preocupante porque a inflação no Brasil continua abaixo de outros emergentes, como China, Rússia e Índia.

Essas razões, aliada às reservas internacionais de quase US$ 185 bilhões e à demanda interna aquecida, fazem o ministro esperar um crescimento de ao menos 5% em 2008. Para ele, o PIB teve expansão de 5,3% em 2007.