Título: Quércia descarta candidatar-se em SP e diz que PMDB priorizará alianças
Autor: Agostine , Cristiane
Fonte: Valor Econômico, 17/01/2008, Política, p. A9

Ex-governador diz que não exclui possibilidade de acordo com o PT, mas lembra que as negociações sempre foram difíceis A possibilidade de ter candidato próprio à Prefeitura de São Paulo está cada vez mais distante para o PMDB. O presidente do diretório estadual, Orestes Quércia, disse que a legenda prioriza as alianças e o cargo de vice na chapa aliada. Segundo o dirigente, as conversas com o PT estão avançadas.

Quércia afirmou que o partido "até tem vontade de ter candidato", mas reconheceu que a legenda não está pensando em nomes para disputar o cargo. Sua própria candidatura é a primeira hipótese a ser rejeitada: "Nem penso nisso (em concorrer). Não tenho condição de ser candidato". Em seguida, ele afastou a eventual indicação do presidente do Jockey Club de São Paulo, Márcio Toledo, como foi cogitado no fim do ano passado.

O ex-governador paulista relatou que tem tido "bons diálogos com o PT, PSDB e DEM". Nas últimas semanas, ele reuniu-se com aliados da ministra Marta Suplicy (PT), com o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) e com o prefeito paulistano, Gilberto Kassab (DEM). Entretanto, Quércia deu maior destaque às conversas com os interlocutores do PT, ligados a Marta. "Com o PT temos dificuldades, mas não excluo a aliança", afirmou. Nas negociações, disse, o PMDB colocou sua "vontade de indicar o candidato a vice".

No começo da próxima semana, Quércia se encontrará com o presidente do PT paulista, o prefeito de Araraquara, Edinho Silva. A negociação com o PT ganhou força na visita que os deputados petistas Rui Falcão e José Mentor fizeram ao pemedebista dois dias antes do Natal. Falcão é um dos principais interlocutores políticos de Marta Suplicy. A reportagem não conseguiu localizar ontem os dois deputados para confirmar a conversa.

Quércia deu indicações de que a aliança com o PT em São Paulo passará pelo acordo feito entre o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu partido. O PMDB quer, além do Ministério das Minas e Energia, confirmada ontem para o senador Edison Lobão (MA), cargos em estatais. As reclamações feitas pelo ex-governador miraram sempre no Planalto. "Não participamos do governo. Temos que ficar correndo atrás de cargos", reclamou.

O pemedebista evitou comentar os conflitos do passado com o PT e disse apenas que os acordos com o partido "sempre foram complicados". Porém, após cada comentário arrematava: "Não excluo a possibilidade de acordo com o PT".

As dificuldades citadas pelo ex-governador paulista vêm de campanhas passadas. Em 2002, o PT podia indicar dois nomes ao Senado e o combinado entre as legendas era lançar o petista Aloizio Mercadante e Quércia. Entretanto, o PT colocou um nome do PCdoB, Wagner Gomes, no lugar do pemedebista. Dois anos depois, na campanha pela reeleição da então prefeita Marta Suplicy, na capital paulista, a relação desgastou-se ainda mais: o PMDB queria indicar o vice, mas o PT decidiu lançar uma chapa "puro sangue" e saiu com Rui Falcão.