Título: Senado quer entrar na discussão sobre compra da BrT
Autor: Rittner, Daniel
Fonte: Valor Econômico, 14/02/2008, Empresas, p. B3

Em meio à crise dos cartões corporativos, o Senado quer entrar nas discussões sobre a criação de uma megaempresa brasileira de telefonia.

A intenção dos senadores é ouvir o governo e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) já na semana que vem. Uma audiência pública com o ministro das Comunicações, Hélio Costa, e com o presidente da Anatel, Ronaldo Sardenberg, foi aprovada ontem por unanimidade na Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática.

O autor do requerimento, Renato Casagrande (PSB-ES), disse ter simpatia pela fusão das teles e pela criação de uma empresa nacional forte. "Mas ainda temos muitas dúvidas", ressaltou o senador. Para evitar prejuízos às negociações para a compra da Brasil Telecom pela Oi, executivos e acionistas das duas companhias não serão ouvidos em um primeiro momento. "Até porque é o governo quem precisa dar um aval ao negócio", acrescentou o senador, apontando as mudanças na legislação do setor e a participação do BNDES na fusão.

Casagrande listou as preocupações do Senado sobre as negociações em curso. Há possibilidade de repetir-se o efeito AmBev e o controle acionário da "supertele" passar às mãos do capital estrangeiro? A concentração do setor vai ou não prejudicar a concorrência? Quais são as alternativas estudadas pelo governo e pela agência reguladora para mudar a legislação e viabilizar o negócio? Hoje a fusão é impedida pelo Plano de Geral de Outorgas.

A proposta feita por Casagrande de fazer o Senado entrar no assunto ganhou apoio imediato dos colegas. "Mas tem que ser para ontem", pediu Rosalba Ciarlini (DEM-RN), lembrando o estágio avançado das negociações entre as empresas. O oposicionista Eduardo Azeredo (PSDB-MG) destacou que os preços dos serviços de telefonia caíram, há mais concorrência e hoje o celular é instrumento de trabalho até nas classes mais baixas. "Daí a importância de não corrermos o risco de monopólio", frisou Azeredo.