Título: Teles definem fornecedores de estrutura para 3G
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Fonte: Valor Econômico, 14/02/2008, Tecnologia & Telecomunicações, p. B3

O mapa dos fornecedores das redes de terceira geração (3G) para as operadoras de telefonia móvel no Brasil está praticamente fechado, com saldo positivo para Nokia-Siemens (Finlândia/Alemanha), Ericsson (Suécia) e Huawei (China).

A Vivo é a única que ainda não definiu de quem irá comprar sua infra-estrutura, mas deverá tomar uma decisão até o fim deste mês. A expectativa é que a escolha recaia sobre a Ericsson e a Huawei, que em 2006 instalaram por cerca de R$ 1 bilhão a rede da operadora no padrão GSM. Na época, as estações radiobase já foram instaladas pensando-se na migração para a terceira geração.

Ontem, a Brasil Telecom (BrT) anunciou a contratação de outra fabricante chinesa - a ZTE - e também da Ericsson. A cargo da companhia sueca ficará a implantação do núcleo da rede. Ela também fornecerá os equipamentos de acesso nos Estados do Sul, em Goiás e no Distrito Federal. A companhia asiática será responsável pela parte de acesso em outros cinco Estados (Acre, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins).

Embora estejam transcorrendo as negociações para a venda do controle acionário da BrT à Oi (ex-Telemar), as duas operadoras fecharam acordos com empresas diferentes. No caso da Oi, os fornecedores escolhidos foram Nokia Siemens (núcleo da rede) e Huawei (acesso).

Os contratos para a rede 3G da Oi são da ordem de R$ 1 bilhão. A operadora vai instalar a rede na atual área de concessão, 17 Estados do Sudeste, Norte e Nordeste, e, ainda, pretende até 1º de julho inaugurar presença em São Paulo. O chamado "core" no jargão do setor, a inteligência da rede, ficou à cargo da Nokia Siemens. A parceria entre a fabricante finlandesa e alemã também levou metade dos equipamentos necessários para os "acessos", isto é a estações de recepção e transmissão. A outra metade ficou com a Huawei.

A companhia chinesa, a Ericsson e a Nokia Siemens também serão responsáveis pela infra-estrutura de terceira geração da Claro e da TIM.

Ninguém revela o valor dos contratos, mas executivos do setor avaliam em cerca de US$ 1 bilhão o montante que deverá ser investido pelas operadoras na construção da infra-estrutura.

A grande surpresa nesse processo é a ausência da Alcatel-Lucent. A não ser que haja uma reviravolta nas negociações da Vivo, a fabricante franco-americana estará fora dos contratos de implantação da 3G no Brasil.

O presidente da companhia no país, Jonio Foigel, vinha apontando esses contratos como um alento para os fornecedores, depois de um 2007 com poucas encomendas no setor. No entanto, o executivo também queixou-se em diversas ocasiões da guerra de preços que se instalou entre os fabricantes - especialmente, segundo ele, depois que os chineses entraram no mercado mundial.

Executivos do setor de telecomunicações acreditavam que a Alcatel-Lucent tinha tudo para levar o contrato de terceira geração da BrT, já que a operadora escolheu recentemente a fabricante como seu provedor único de serviços de manutenção da rede - numa concorrência multimilionária e considerada ousada no mercado brasileiro. A derrota da companhia, agora, foi surpreendente.

Mas, segundo fontes do mercado, a Alcatel não ficou totalmente de mãos vazias. A companhia deverá fornecer equipamentos para a expansão da rede de segunda geração (GSM) da Brasil Telecom. Não é um contrato pequeno.

O edital do leilão de licenças de terceira geração promovido pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) impôs cláusulas segundo as quais as operadoras, além de investir na nova tecnologia, serão obrigadas a ampliar a cobertura de sua rede atual, de segunda geração. (TM, colaborou Heloisa Magalhães, do Rio)