Título: Sob risco de recessão, EUA fecham ano com IPC em 4,1%
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Fonte: Valor Econômico, 17/01/2008, Internacional, p. A11

Os consumidores americanos usufruíram de uma alta de preços mais moderada em dezembro, mas o IPC coroou um ano que registrou a maior alta desde 1990: 4,1%, contra 2,5% de 2006. Já a produção industrial do país não cresceu. Esses dois fatores dão ao Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) espaço e motivos para reduzir as taxas de juros em sua próxima reunião, marcada para os próximos dias 29 e 30 de janeiro.

O Livro Bege, relatório do Fed sobre as condições da economia do país, registrou que houve crescimento nas últimas semanas de 2007, embora num ritmo mais fraco, e que os sinais de preocupação dos consumidores se avolumam.

O custo de vida aumentou 0,3% em dezembro, depois da elevação de 0,8% registrada em novembro, disse o Departamento do Trabalho dos EUA. A produção nas fábricas americanas permaneceu inalterada em dezembro, quando as exportações ajudaram a compensar as quedas da produção automobilística e dos produtos associados ao mercado habitacional, disse o Federal Reserve em outro documento.

A desaceleração do crescimento dificultará para as empresas tarefa de repassar a alta dos custos aos consumidores, o que sugere que a inflação americana vai se desaquecer em relação ao ritmo do ano passado, disseram economistas. A atenção dos investidores pode agora se deslocar para a sessão de esclarecimentos a ser prestada hoje pelo presidente do Fed, Ben S. Bernanke, perante o Congresso.

"Com as fracas perspectivas de crescimento e o crescente risco de recessão, as preocupações com relação à inflação arrefeceram", disse Zach Pandl, economista do Lehman Brothers Holdings, de Nova York, que previu corretamente o aumento dos preços. "O Fed está, com certeza, se concentrando no crescimento no momento."

A utilização da capacidade instalada da indústria, que mede a proporção das fábricas em uso, caiu para 81,4% em dezembro, comparativamente aos 81,6% de novembro, indicando maior desaquecimento da economia, segundo mostrou o relatório do Fed. Os economistas tinham previsto uma retração de 0,2% da produção e uma taxa de utilização de 81,2%.

"Não há nada que impeça o Fed de reduzir a taxa de juros em 50 a 75 pontos-base no final do mês" em vista dos indicadores de hoje, disse Michael Woolfolk, estrategista cambial sênior do Bank of New York Mellon, de Nova York.

Os operadores prevêem que o Fed vai reduzir sua taxa básica para 3,75%, a partir dos atuais 4,25%, este mês, segundo mostram os preços dos contratos futuros. A probabilidade de um corte de 75 pontos-base foi de 42%, conforme revelou o mercado.