Título: Lucro da Petrobras cai 46% na Argentina
Autor: Rocha, Janes
Fonte: Valor Econômico, 14/02/2008, Empresas, p. B9

A subsidiária da Petrobras na Argentina registrou uma forte queda dos lucros no ano passado, apesar de um aumento de 15% nas vendas. De acordo com o balanço enviado à Bolsa de Valores de Buenos Aires, a Petrobras Energia Argentina S/A (Pesa) fechou 2007 com um total de 13,5 bilhões de pesos em receitas com as vendas de seus produtos, comparado a 11,7 bilhões de 2006. O resultado líquido, no entanto, baixou 46%, de 1,064 bilhão de pesos em 2006 para 573 milhões de pesos em 2007.

No quarto trimestre, as vendas aumentaram de 3,05 bilhões de pesos para 3,94 bilhões, enquanto o resultado líquido baixou de 214 milhões de pesos para 206 milhões. Os números referem-se ao balanço consolidado da Petrobras Energia Participações, cujo único ativo (75,82% do capital) é a Pesa.

Procurada pelo Valor, a empresa não quis comentar os resultados de 2007. Mas uma fonte que acompanha de perto os balanços da Petrobras e pediu para não ser identificado explicou que a queda dos resultados na Argentina se deve principalmente ao controle dos preços dos combustíveis pelo governo, às retenções às exportações e ao forte crescimento de despesas operacionais e com mão-de-obra.

Os resultados também foram afetados, segundo esta fonte, pelas operações internacionais da Pesa na Venezuela, Bolívia e Equador, herdadas pela brasileira quando comprou as atividades de petróleo e gás do grupo Perez Companc, em 2002. Nos três países, a Pesa foi obrigada a repartir suas ações com estatais locais, reduzindo os ganhos com as subsidiárias.

No mercado argentino, o controle de preços exercido pelo governo sobre todas as petroleiras, reduziu a rentabilidade das vendas ao consumidor. A Argentina passou em 2007 por uma séria restrição energética e, para evitar o desabastecimento, o governo restringiu as exportações de petróleo e combustíveis, ao mesmo tempo em que obrigou as empresas a ampliarem as importações.

Dessa forma, as petroleiras suportaram um descasamento entre os gastos com importação a preços internacionais e a receita com as vendas a preços controlados, já que não podiam repassar as altas externas para o mercado interno. Os reajustes autorizados ao longo do ano (que variaram de 20% a 30%) não teriam sido suficientes para cobrir a elevação dos custos.

Segundo dados da Secretaria de Energia do Ministério da Economia, em 2007 a Pesa reduziu sua produção de petróleo de 3,5 milhões de metros cúbicos (m3) para 2,93 milhões de m3, mantendo a produção de gás nos mesmos 4,8 bilhões de m3 de 2006.

No comércio exterior, onde a subsidiária da Petrobras teve seu melhor desempenho, graças aos preços recordes do petróleo, os ganhos de exportação foram consumidos pelas importações e pelas retenções oficiais, espécie de imposto cobrado sobre vendas ao exterior, que variava entre 40% e 45%.

Os dados da Secretaria de Energia mostram que, apesar das restrições, a Pesa conseguiu ampliar suas exportações de combustíveis de 53,8 mil m3 em 2006 para 962,2 mil m3, em 2007. A receita com as vendas ao exterior pularam de US$ 18,4 milhões em 2006 para de US$ 429 milhões no ano passado. Porém, segundo a fonte, por causa das retenções e dos impostos, a empresa ficou com menos da metade desse valor em caixa. Já as importações aumentaram de 199 mil m3 para 267,5 mil m3, elevando as despesas com este item de US$ 112,5 milhões para US$ 182,3 milhões em todo o ano.