Título: Anac cria operação para reduzir atrasos
Autor: Campassi , Roberta
Fonte: Valor Econômico, 17/01/2008, Empresas, p. B2

As maiores companhias aéreas brasileiras começam a ser fiscalizadas nos próximos dias pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para que os motivos dos atrasos em vôos domésticos sejam identificados. Batizada como "Hora Certa", a operação vai mensurar o tamanho da responsabilidade das empresas. Os dados coletados darão a base para a aplicação de advertências e multas.

Os alvos são TAM, Gol, Varig e OceanAir, que no acumulado de 2007 tiveram participação de mercado superior a 1%. A Anac informou que seus fiscais acompanharão pelo menos 20% dos vôos das três primeiras empresas e no mínimo 40% das operações da OceanAir, uma vez que ela vem registrando a maior proporção de atrasos nos últimos meses. Haverá também fiscalização nas oficinas de manutenção e nos aeroportos.

Dados da Infraero relativos às duas primeiras semanas de janeiro mostram que a OceanAir registrou um pico de 64% de vôos com mais de uma hora de atraso num só dia. A Varig e a Gol, que fazem parte do mesmo grupo, vêm em seguida, com picos de 17% e 15%, respectivamente. O máximo registrado pela TAM foi de 10%. Em números absolutos, os 10% da TAM representam perto de 70 etapas de vôo, enquanto os 64% da OceanAir correspondem a cerca de 60 etapas.

Marcelo Guaranys, um dos diretores da Anac, afirma que o objetivo da operação não é multar e sim corrigir os atrasos. "Não haverá necessariamente aumento das multas", diz. "Primeiro, vamos identificar os problemas, chamar as empresas para conversar e tentar fazer com que elas resolvam."

A agência informou que "os vôos serão inspecionados por amostragem, sem conhecimento prévio da empresa aérea". O fato, no entanto, é que a Anac concentrará seus esforços nos trechos que registram atrasos de forma corriqueira. E as companhias aéreas também sabem quais são eles. "Não importa que as empresas se preparem para a fiscalização, porque o objetivo é justamente corrigir", afirma Guaranys.

A agência não divulgou o número de fiscais que serão alocados para a operação e nem quando ela terá início. Questionado sobre a existência de uma quantidade suficiente de profissionais, Guaranys informou que as escalas foram planejadas para que a fiscalização ocorra conforme o previsto. A meta da agência é reduzir "significativamente" os atrasos acima de uma hora até julho.

O Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea) disse que apóia a fiscalização da Anac e propõe, em nota, que as empresas criem um sistema padronizado para registrar os motivos dos atrasos - estes podem ser responsabilidade da empresa, de terceiros ou resultado de condições metereológicas. "Até que o órgão regulador desenvolva um sistema eficiente de coleta de informações, caberá às empresas fornecer subsídios para comprovação (...) de que alguns dos atrasos a elas imputados não são de sua responsabilidade", informa a nota do Snea.