Título: Mosaic acelera investimentos em expansão
Autor: Lopes, Fernando
Fonte: Valor Econômico, 14/02/2008, Agronegócios, p. B13

Turbinada pela forte demanda e pela disparada dos preços dos fertilizantes no mundo nos últimos dois anos, a americana Mosaic acelerou os investimentos na expansão de sua capacidade de produção, na América do Norte e em outros mercados-chave, como o Brasil.

Em segundo lugar no ranking global do segmento, liderado pela norueguesa Yara, a Mosaic foi criada em 2004, a partir da união das operações da divisão de fertilizantes da gigante Cargill e da também americana IMC, que passava por dificuldades financeiras e deixou de existir. A Cargill ficou com 65,5% de participação na Mosaic, que tem ações negociadas na bolsa de Nova York.

Se os primeiros dois anos de vida da Mosaic foram de ajustes e o exercício 2006 foi de prejuízo, por conta da "depressão" que antecipou a escalada das cotações de commodities como milho, soja e trigo no exterior, 2007 foi de recuperação e 2008 tem tudo para ficar marcado por resultados recordes. O atual exercício termina em 31 de maio, mas os resultados dos primeiros seis meses comprovam a bonança. As vendas líquidas globais da múlti alcançaram US$ 4,199 bilhões no período, 49,4% mais que no primeiro semestre de 2007, e o lucro líquido atingiu US$ 699,5 milhões, um salto da ordem de 300% na comparação.

Jim Prokopanko, CEO (principal executivo) da Mosaic, credita à boa fase ao "renascimento da agricultura" mundial, fortalecida pela crescente demanda por alimentos, sobretudo em países emergentes, e por biocombustíveis, fabricados a partir de produtos agrícolas como cana, milho e soja, entre outros.

Com esse "renascimento", em grande parte responsável pela alta de preços dos adubos, a indústria como um todo passou a projetar novos investimentos em expansão de capacidade, e a Mosaic é protagonista nesse movimento. Segundo Prokopanko, os aportes da múlti alcançarão US$ 400 milhões em 2008, ante US$ 300 milhões no ano anterior.

Há expansões em curso em países como EUA, Canadá, China e no Brasil, mas por aqui investimentos mais polpudos dependem do desenlace da disputa em torno da proposta de incorporação da Bunge Fertilizantes pela Fosfertil. Proposta em 2006, a união é combatida por Mosaic e Yara. Rivais nas vendas de produtos acabados, as três múltis dividem o controle a Fosfertil, maior fabricante de matérias-primas para adubos no Brasil. A disputa está na Justiça.

Ainda assim, diz Tobias Grasso, presidente do braço brasileiro da Mosaic, os aportes em melhorias no país, incluindo fábricas de mistura, armazenagem e logística, têm girado em torno de US$ 5 milhões por ano. Um dos mais relevantes no Brasil é a expansão de 15% da capacidade do terminal que a empresa mantém no porto de Paranaguá (PR).

No país, onde a Mosaic alavanca as vendas com importações, há oportunidades para elevar a produção de matérias-primas derivadas do fosfato, frente responsável por 52% das vendas globais do grupo. No mundo, a múlti tem a segunda maior capacidade de produção de matérias-primas derivadas do potássio e atuação discreta com nitrogenados. Fosfato, potássio e nitrogênio são as principais fontes para a produção de fertilizantes.