Título: Novo fundo de private equity do BB e Banif quer captar R$ 600 mi
Autor: Vieira, Catherine; Durão, Vera Saavedra
Fonte: Valor Econômico, 14/02/2008, Finanças, p. C2

Silvia Costanti / Valor Rechtman, do Banif: "Vamos concorrer com as ofertas de ações, os IPOs" O Banco do Brasil Investimentos (BBBI) e o Banif acertaram uma parceria para criar um novo fundo de investimentos em participações (FIP), também conhecido como private equity. O recém-nascido FIP Brasil Governança terá gestão do Banif, mas vai contar com o BB como 'advisor' nessa tarefa. O objetivo é captar R$ 600 milhões, principalmente entre investidores institucionais, para investir em empresas com faturamento entre R$ 300 milhões e R$ 800 milhões com potencial de crescimento por meio de melhoras na governança e na gestão dos negócios. "Vamos concorrer mesmo com as ofertas de ações, os IPOs. Focamos empresas que têm potencial para ir à bolsa, mas que podem fazer melhoras de governança significativas com a ajuda da equipe do fundo e depois abrir o capital com um valor agregado maior", diz Marcos Rechtman, líder da divisão de private equity do português Banif.

Segundo Francisco Duda, diretor da área de mercado de capitais do BBBI, a vasta experiência e relacionamento do banco no segmento de crédito corporativo ajuda na hora de selecionar as empresas. "Temos já cinco empresas na mira com as características que queremos", diz. Embora os executivos não revelem quais são as companhias eleitas, contam que os setores e regiões são diversificadas. O objetivo do fundo é comprar uma fatia de cerca de 20% de cada uma e passar a atuar na melhoria da governança, uma vez que quase todas são empresas familiares, muitas em fase de sucessão e que desejam aumentar o nível de profissionalização do negócio.

O período de duração estipulado para o fundo é de oito anos, sendo que a fase de investimentos está prevista para ocorrer nos primeiros quatro. A idéia é que as companhias depois, com um valor agregado maior, possam fazer, aí sim, a abertura de capital com listagem em bolsa, possivelmente até no exterior. "Montamos uma equipe de especialistas que vai ficar dedicada ao fundo, seja para o contato com as empresas selecionadas como para assessorar depois essas companhias nas melhores práticas de gestão, governança e também estratégia, ou seja, em eventuais aquisições ou outros modelos de crescimento", afirma Rechtman.

Esta é a primeira vez que o BB Investimentos vai atuar também como 'advisor' num fundo de participações. Porém, desde 2004, a instituição já vinha apostando no segmento como cotista de diversos FIPs, tais como Brasil Energia e InfraBrasil. "Fizemos um programa de investimentos de cerca de R$ 400 milhões", diz Duda. Ele adiantou que o BBBI pretende criar mais dois fundos de private equity no primeiro semestre, além do fundo de governança. O segundo fundo já tem gestor escolhido e deve ser fechado neste trimestre. O terceiro será criado até o final do segundo trimestre. Para Duda, este será o "grande ano do private equity".

Já o Banif está investindo na criação de vários fundos de 'private equity', com focos distintos, mas sempre em parcerias com outras instituições. O primeiro deles foi o Caixa Ambiental e agora vem o Brasil Governança. Os outros três, explica Rechtman, são focados nos setores imobiliário, de infra-estrutura e de bioetanol. "O nosso objetivo é alcançar um patrimônio comprometido de cerca de R$ 2,4 bilhões no total dos fundos especializados em private equity."

O cenário macroeconômico global, de risco de recessão nos EUA, não é visto como empecilho para tocar estes investimentos. "O Brasil vai se sair melhor que em outras crises, se estas projeções de recessão se concretizarem. Os investidores externos estão vendo que o país fez a lição de casa, na comparação com outros emergentes, como mostra a redução da relação dívida/PIB", diz o diretor de Mercado de Capitais do BBBI.