Título: Estabilidade e consumo em alta fazem produção de bens de capital crescer 19,5%
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 11/02/2008, Brasil, p. A2

Animadas com a maior estabilidade da economia e o consumo em alta, as empresas ampliaram seus investimentos em 2007 e o resultado foi o forte crescimento da produção de bens de capital: 19,5%. Trata-se da maior marca desde 2004 (19,7%), segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Tal desempenho ilustra o incremento dos investimentos na expansão da capacidade produtiva das empresas, de acordo com a análise de especialistas.

Segundo informou o IBGE, a produção industrial subiu 6% em 2007, na comparação com o resultado verificado no ano anterior. Esse foi o melhor resultado desde 2004, quando o crescimento atingiu 8,3%. Em 2006, a produção industrial havia crescido 2,8%.

O IBGE atribui o resultado no ano passado ao aquecimento da demanda doméstica, que foi influenciada pela expansão do crédito, do aumento da ocupação e da renda e da ampliação dos investimentos.

Em dezembro, o nível de atividade da indústria recuou 0,6%. Em novembro, a produção da indústria havia recuado 2% (dados revisados). Mas na comparação com dezembro de 2006 houve crescimento de 6,4%.

De acordo com o IBGE, o aumento da produção em 2007 atingiu 21 dos 27 ramos pesquisados. O principal impacto positivo veio da indústria de máquinas e equipamentos, que apresentou expansão de 17,7% no ano passado.

Também contribuíram a indústria automotiva (15,2%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (14%) e outros produtos químicos (5,7%).

Por outro lado, seis setores exerceram influência negativa sobre o resultado. As principais quedas foram de fumo (-8,1%) e madeira (-3,2%). Os quatro setores da indústria tiveram desempenho positivo: bens de capital (19,5%), bens de consumo duráveis (9,2%) e bens intermediários (4,9%) e bens de consumo semiduráveis e não-duráveis (3,4%) cresceram em relação a 2006.

No mês de dezembro, a produção da categoria de bens de capital cresceu no mesmo ritmo verificado em todo o ano passado -19,9% ante igual mês de 2006. Em relação a novembro, houve retração de 0,2% na taxa com ajuste sazonal.

Segundo o IBGE, a recuperação da agricultura, que teve safra recorde no ano passado, impulsionou a produção de máquinas e equipamentos para o setor - alta de 48,3% em 2007. Os bens de capital consumidos pela própria indústria subiram 17%. Foram os dois tipos que mais contribuíram para o avanço da categoria.

"Observamos no ano passado que a capacidade instalada da indústria cresceu. A expansão dos investimentos em máquinas e equipamentos veio acompanhada do aumento dos postos de trabalho", disse Paulo Mol, economista da CNI. Para Joel Bogdanski, economista do Itaú, o desempenho de bens de capital retrata a confiança dos empresários quanto ao futuro da economia. É ainda, diz Bogdanski, um indicador importante para o Banco Central decidir se aumentará ou não os juros neste ano - se a economia amplia sua capacidade de produção, é um sinal de que não haverá estrangulamento de oferta que possa resultar em alta de preços.

Não foram apenas os bens de capital que tiveram bom desempenho. Impulsionada especialmente pela produção de automóveis (alta de 12,3% no ano), a fabricação de bens duráveis cresceu 9,2% em 2007. Já a de eletrodomésticos não teve o mesmo desempenho: alta de 5,3%. O ramo foi prejudicado pelo subsetor de linha marrom (TV, som e imagem), cuja produção caiu 11,8% sob o impacto da concorrência de similares importados. Os bens duráveis cresceram na esteira do crédito maior e com prazos mais dilatados, segundo Bogdanski.