Título: Vendas de remédios vão crescer 8%
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 23/01/2008, Empresas, p. B9

Marisa Cauduro/Valor Gabriel Tannus, presidente-executivo da Interfarma: "Só um desastre faria o dólar voltar a R$ 2,30 ou R$ 2,40" As empresas farmacêuticas estrangeiras, especializadas em medicamentos protegidos por patente, projetam um crescimento de vendas de 8,6% em 2008, ligeiramente abaixo da alta de 9,9% do ano passado.

A previsão é que as vendas atinjam R$ 25,6 bilhões neste ano, segundo dados divulgados ontem pela Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma). Em unidades, a estimativa é chegar a 1,58 milhão de unidades vendidas, uma alta de 4,5% - mesmo índice previsto pela entidade para a expansão da economia brasileira.

Com uma melhora no mix dos produtos e aumento no volume de vendas, a indústria entra em novo ano de crescimento sustentado principalmente pelo crescimento da massa salarial (mais emprego e renda).

Pesam ainda a favor da indústria a expectativa de aumento no orçamento público da Saúde, apesar das incertezas criadas pelo fim da CPMF, e a possibilidade de incorporação de novos medicamentos nas compras governamentais. Em dólares, as vendas de remédios devem crescer 15,5%, chegando a US$ 14 bilhões.

A expectativa, segundo o presidente-executivo da Interfarma, Gabriel Tannus, é que o câmbio continue refletindo de forma positiva sobre os resultados das companhias. "Só um desastre faria o câmbio voltar a R$ 2,30 ou R$ 2,40", afirmou Tannus.

Ele calcula que a rentabilidade das empresas, medida em reais, gire entre 3% e 4%, atingindo o dobro quando medida em dólares. A entidade elaborou o cenário para 2008 antes de a crise financeira americana atingir em cheio as bolsas de valores no mundo inteiro. "Mas a crise americana poderá criar um efeito em onda", disse o executivo.

Embora as previsões sejam otimistas, a Interfarma trabalha com a perspectiva que os preços dos medicamentos, reajustados apenas uma vez ao ano, sofram aumentos de 1,2% a 1,3%, abaixo dos 1,5% do ano passado e inferior a taxa acumulada de inflação. A entidade também vê impacto com a medida que impõe o corte de 25% no preço de fábrica dos medicamentos por parte das compras de governo.

Em 2007, os novos produtos representaram 2,8% do total de vendas da indústria, que ficou em R$ 23,5 bilhões. Deste total, os remédios de marca responderam por R$ 20,6 bilhões, enquanto os medicamentos genéricos somaram vendas de R$ 2,94 bilhões, um impulso de 27,8% sobre o ano anterior. (AV)