Título: DEM volta a ameaçar com CPI no Senado
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 19/02/2008, Politica, p. A12

Ruy Baron/Valor - 11/12/2007 Agripino questiona: "Instalada a CPI Mista, indicados os membros, haveria impedimento para uma CPI só no Senado?" O DEM vai insistir na instalação de CPI dos Cartões Corporativos apenas no Senado, caso a oposição não conquiste a relatoria nem a presidência da comissão mista (com deputados e senadores) que vai investigar o uso irregular dos cartões por integrantes do governo. O líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), fez uma consulta ontem à Mesa Diretora da Casa para questionar se o regimento interno permite a instalação da CPI do Senado depois da comissão mista ser instalada - já que as duas vão investigar o mesmo assunto.

O líder do DEM argumenta que, se não for possível instalar a CPI do Senado após a comissão mista, a oposição terá que pedir a sua criação hoje - uma vez que o requerimento de instalação da CPI mista deve ser lido amanhã. "Instalada a CPI Mista, indicados os membros, haveria impedimento para uma CPI só no Senado? Este mesmo fato poderia ser investigado por uma CPI exclusiva do Senado? Se houver impedimento, as oposições terão que tomar providências", questionou o líder.

Os partidos de oposição no Senado devem se reunir hoje para decidir o que fazer. Enquanto o DEM insiste na comissão apenas no Senado, o PSDB pretende apoiar a CPI mista, já que o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) foi o responsável pela coleta de assinaturas de apoio à comissão.

Ontem, o líder do PSDB na Câmara, deputado José Aníbal (SP), defendeu que não haja obstrução caso o governo não ceda vagas importantes na CPI à oposição, mas disse que quem está definindo a estratégia é o deputado Carlos Sampaio e a cúpula tucana no Senado. "Se o presidente Lula não tem nada a temer, por que não partilhar os dois principais cargos? Cabe a eles aceitar isso ou não. O importante é que saia a CPI e dê uma satisfação ao povo", disse José Aníbal.

Apesar do evidente racha, Agripino disse que a oposição conseguirá chegar a um entendimento para defender uma posição única perante os governistas. "A linguagem dos dois partidos é de racionalidade. Não existe um desejo imperioso de cada um. Será por meio de uma posição de reflexão e debate que vamos produzir uma posição consensual", afirmou.

Os governistas, por sua vez, acusam a oposição de adotar um discurso contraditório ao defender a CPI apenas no Senado - já que DEM e PSDB criticaram a iniciativa do líder governista, Romero Jucá (PMDB-RR), para instalar a CPI só do Senado.

"Fizemos duas CPIs do Apagão Aéreo e deu no que deu. Talvez a oposição tenha percebido que a questão numérica na CPI é prejudicial e esteja voltando atrás", disse a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC).