Título: Fed reanima bolsas na Europa, mas efeitos não chegam até Wall Street
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Fonte: Valor Econômico, 23/01/2008, Finanças, p. C3

As bolsas de Nova York fecharam em baixa hoje, mesmo após o Federal Reserve ter cortado a taxa básica de juros em 0,75%. Segundo dados divulgados no fechamento, o índice Dow Jones caiu 1,06%, para 11.971,19 pontos, tendo chegado a cair mais de 3,8% ao longo do dia. O fechamento foi o mais baixo para o indicador desde novembro de 2006.

O Nasdaq caiu 2,04%, para 2.292,27 pontos, enquanto o Standard & Poor's 500, que mede o rendimento dos 500 principais papéis da Bolsa de Nova York, perdeu 1,11% (1.310,5 pontos). O Nasdaq chegou a perder 5,1% e o S&P 500, 3,8%, ao longo do dia, seus menores níveis em 16 e 15 meses, respectivamente.

O corte da taxa de juros, anunciado pelo Federal Reserve antes da abertura do pregão, serviu para amortecer a queda do Dow Jones. As bolsas européias acabaram favorecidas pelo anúncio e fecharam em alta, mas não houve tempo para que a decisão do BC americano pesasse sobre os pregões asiáticos. Foi a primeira vez desde os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 que o Fed cortou a taxa de juros entre suas reuniões regulares.

Os analistas questionam agora se o Fed voltará a cortar os juros na próxima reunião regular do Comitê de Mercado Aberto, encarregado da política monetária do país, prevista para os dias 29 e 30 de janeiro.

Nigel Gault, economista e analista de Global Insight, disse em um comunicado que "a queda das bolsas mundiais na segunda-feira foi o gatilho para o movimento do Federal Reserve, mas não foi a causa subjacente" do corte de juros, e sim o risco de recessão. Ele espera que o banco central americano volte a cortar a taxa de juros em pelo menos um ponto, até alcançar 2,5%, até a reunião que o Comitê realizará no dia 30 abril.

O corte de juros, no entanto, repercutiu de forma positiva na negociações das ações.

Os títulos do Bank of America subiram 4,11%, os do JP Morgan Chase, 3,01%, e os do Wachovia tiveram alta de 3,38%, enquanto os do Citigroup caíram 0,12%. As ações do Goldman Sachs subiram 1,06%, as do Merrill Lynch 4,61% e as do Lehman Brothers, 2,78%.

As ações européias fecharam em alta após uma turbulenta sessão que teve os setores financeiros com melhor desempenho à medida que investidores se animaram com um corte surpreendente e agressivo do Fed.

O índice FTSEurofirst 300, que reúne as principais ações européias, subiu 1,92%, para 1.304 pontos, quebrando uma série de cinco quedas consecutivas.

O corte impulsionou as ações do setor financeiro e o índice dos bancos europeus DJ Stoxx subiu 4,78%. "Existe a esperança que o corte a na taxa de juro ajude as operações bancárias", disse Markus Steinbeis, chefe de ações européias na Pioneer Investiments. "Eu não superestimaria isso. A cautela ainda governa o cenário de longo prazo", ele acrescentou.

Em Londres, o índice Financial Times fechou em alta de 2,90%, a 5.740 pontos. O DAX, de Frankfurt, teve queda de 0,31%, para 6.769 pontos. Na bolsa de Paris, o CAC-40 subiu 2,07% (4.842 pontos). Em Milão, o índice Mibtel encerrou em alta de 1% (25.861 pontos). Também subiram as bolsas de Madri (1,69%) e de Lisboa (1,3%).