Título: França vê emergentes como "oportunidade de negócios"
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Fonte: Valor Econômico, 23/01/2008, Finanças, p. C7

Em um mundo no qual a economia americana terá crescimento menor e o dólar cada vez fraco em relação ao euro dificulta exportações da Europa para os Estados Unidos, países emergentes, que crescem 5% ao ano, como o Brasil, são uma oportunidade de negócios. A declaração faz parte de discurso de Hervé Novelli, ministro do Comércio e Desenvolvimento de Estado da França, em almoço durante a conferência sobre risco-país organizada pela Coface, em Paris.

Ele convidou os representantes de empresas médias presentes a se juntarem a ele em visita que fará ao Brasil, programa para acontecer em outubro. Segundo ele, o Brasil é o principal cliente da França na América Latina e compra 1% do total das exportações do país. "Os Brics (Brasil, Rússia, Índia e China) dobraram sua participação no comércio internacional em sete anos e têm um potencial que não pode ser ignorado", disse o ministro do governo francês. "Temos certeza de que a economia dos EUA está desacelerando e os emergentes já emergiram e merecem atenção especial", disse.

Em seu discurso de abertura na conferência, o presidente da Coface, François David, destacou o papel dos países emergentes, que ajudaram a "amortizar" os impactos da crise americana. "Também por causa desses países, a queda no crescimento econômico mundial em 2008 será de apenas 0,3 a 0,4 ponto percentual em relação a 2007", estimou. Para David, a recessão de 2001 foi mais severa.

Nem o "estouro das bolhas nos mercados de ações dos emergentes" terá impacto significativo na vida desses países e de suas empresas, na avaliação do economista-chefe da Coface, Yves Zlotowski. "As bolhas estão estourando e a volatilidade está elevada", afirmou, para completar que "um número ainda limitado de empresas nos países emergentes usa o mercado de ações para se financiar".

A situação se agravaria mais, no entanto, no caso de um aperto muito forte no crédito corporativo ("credit crunch"), que não faz parte de seu cenário básico. "Por enquanto, ainda acreditamos em uma redução e encarecimento do crédito, mas sem crunch", afirma Zlotowski. (CPL)

A jornalista viajou a convite da Coface