Título: Escolha de líderes na Câmara terá disputa acirrada entre tucanos
Autor: Jayme, Thiago Vitale
Fonte: Valor Econômico, 24/01/2008, Politica, p. A6

Pio Figueroa/Valor Madeira: "Não há disputa entre Alckmin e Serra na eleição da liderança" No dia 13 de fevereiro, o PSDB vai escolher o novo líder do partido na Câmara. Entre as maiores legendas da Casa, o PSDB é a única a ter disputa acirrada pelo posto. Os paulistas Arnaldo Madeira e José Aníbal concorrem pelos votos dos 59 deputados da sigla em eleição secreta. Nos demais partidos, só o PDT deverá ter embate interno pelo cargo, e alguns líderes querem continuar no posto, de olho nas eleições municiais.

Madeira e Aníbal estão em franca campanha interna. Na semana passada, Madeira viajou ao Nordeste com o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra (PE). Conversou com deputados de vários Estados da região. Nesta semana, se encontrará com o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, que ainda não divulgou sua posição sobre os postulantes.

Nenhum cacique tucano, aliás, se pronunciará abertamente. As preferências têm aparecido nos bastidores. Depois da batalha interna travada durante a votação da CPMF, no ano passado, os tucanos avaliam que qualquer novo melindre poderá conspirar contra o partido nas eleições de outubro. A imagem de um partido dividido não ajudará ninguém.

Mesmo neste clima de unidade, as preferências são evidentes. Madeira conta com o apoio do governador de São Paulo, José Serra, e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O atual líder da legenda, Antonio Carlos Pannunzio (SP), também articula a favor do deputado. Aníbal tem um grupo de deputados da bancada a seu favor, além do apoio do ex-governador paulista Geraldo Alckmin.

Roberto Jayme/Valor Aníbal: a aliados, diz ter documento de apoio assinado por 37 deputados "Não há disputa entre Alckmin e Serra na eleição da liderança. Isso não existe", despista Madeira. O deputado, aliás, pretende convencer os correligionários com o discurso de unidade. "Temos de criar todas as condições possíveis para a unidade do partido. Assim, chegaremos fortes em outubro e, conseqüentemente, em 2010", afirma.

A aliados, Aníbal diz ter documento assinado por 37 deputados da bancada em apoio a sua candidatura. Além dos subscritores, mais sete parlamentares já teriam manifestado preferência ao nome dele. Seriam, então, 44 congressistas ao lado do candidato de Alckmin. Os números, naturalmente, não batem com aqueles apresentados pelos aliados de Madeira. Nas contas desse grupo, Madeira teria 30 votos. Haveria ainda cinco ou seis indecisos e Aníbal não passaria de 23 eleitores.

Os votos mineiros deverão ser fundamentais para a decisão, já que a bancada paulista não deverá ficar majoritariamente do lado de nenhum dos dois. Os aliados de Aníbal alegam que ele terá 12 votos dos 18 da bancada de São Paulo (Walter Feldman está afastado, mas deverá retomar o posto e votar). Já o grupo de Madeira garante haver empate. Por isso, o apoio de Aécio é ainda mais importante: Minas tem sete deputados (Custódio Mattos também deverá reassumir a vaga de deputado para votar).

No outro grande partido de oposição, o DEM, a decisão já foi tomada. O deputado ACM Neto (BA) substituirá o atual líder, Onyx Lorenzoni (RS), obedecendo a acordo firmado no início de 2007. No fim do ano passado, um grupo de deputados pretendia furar o acerto. Os nomes de Ronaldo Caiado (GO) e Paulo Bornhausen (SC) surgiram como possíveis líderes. O presidente nacional do DEM, Rodrigo Maia (RJ), tratou de acabar com qualquer possibilidade de disputa interna.

ACM Neto fazia questão da liderança por causa de sua candidatura à Prefeitura de Salvador, em outubro. Na chefia da bancada, o baiano terá grande exposição na mídia. Ele não está só nesse raciocínio. O líder da Minoria, Zenaldo Coutinho (PSDB-PA), continuará na vaga e tentará vencer em Belém. O mesmo vale para Joavir Arantes (PTB-GO), que continua na liderança e disputará Goiânia.

No PT, Maurício Rands (PE) ocupará o lugar de Luiz Sérgio (RJ) com a mesma vontade. O deputado sonha com a Prefeitura de Recife. A liderança lhe dará cacife para disputar a vaga de candidato pelo PT com possível apoio do governador Eduardo Campos (PSB).

O deputado deverá assumir em fevereiro. "Rands será o novo líder. Temos acordo. Se alguém quiser disputar, vai perder", garante o deputado Devanir Ribeiro (PT-SP). No PMDB, também não haverá a tradicional conturbada disputa pela liderança na Câmara. Henrique Eduardo Alves (RN), por acordo e consenso, será reconduzido para mais um ano de mandato.

No PDT pode haver disputa. Com o apoio de deputados do PSB e do PCdoB, Mário Heringer (MG) poderá sair candidato à liderança contra o atual ocupante do cargo, Miro Teixeira (RJ). O fluminense, no entanto, diz que não pensou ainda se concorrerá a novo mandato. "Ainda não pensei nisso. Vou convocar reunião para eleição do líder para a última semana de fevereiro", disse. Sobre a disputa com Heringer, Miro despista. "Tudo pode ser conversado. Não há qualquer imposição de minha parte."

A preferência de parte do PSB e do PCdoB por Heringer tem a ver com o bloco formado pelas três legendas. Parlamentares entusiastas da união acreditam que Miro pretende deixar o PDT cada vez mais independente. Vêem no mineiro Heringer uma figura mais comprometida com a convivência harmônica. "E, quando estamos juntos, nossas negociações por cargos no governo e vagas nas comissões é mais vantajosa", disse um dos defensores de Heringer.

No PPS, o líder Fernando Coruja (SC) já havia garantido a recondução em dezembro do ano passado. No PP, Mário Negromonte (BA) também permanecerá no posto. Luciano Castro (RR) se mantém à frente do PR, mas ainda não decidiu se será candidato à prefeitura de Boa Vista. No PSB, Márcio França (SP) continua.