Título: Produção na Índia cresce 7% e país assume quinto lugar
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Fonte: Valor Econômico, 24/01/2008, Empresas, p. B6

Depois da China, a nova sensação na siderurgia mundial é a Índia. A indústria local do aço cresce a passos largos desde 2005, ao ritmo de quase 10% ao ano. Até três anos atrás, a Índia produzia menos que o Brasil - em 2004, as usinas brasileiras fizeram 32,9 milhões de toneladas e as indianas, 32,6 milhões.

Isso mudou. A Índia já se consolidou como quinto maior produtor do mundo, deixando para trás Coréia do Sul e Alemanha, esta última desde 2005. O Brasil é o nono. A produção indiana saltou, em 2005, para 45,8 milhões de toneladas de aço bruto, enquanto a do Brasil não passou de 31,6 milhões. Em 2006, a Índia atingiu quase 50 milhões de toneladas, conforme dados do Instituto Internacional de Ferro e Aço (IISI), e suplantou a Coréia do Sul.

No ano passado, com 53,1 milhões de toneladas de produção, o país consolidou sua arrancada. A expansão do país onde nasceu Lakshmi Mittal, dono da gigante ArcelorMittal, se deve em grande parte a uma política governamental planejada para o setor, além do fato de dispor de vastas reservas de minério de ferro. O governo tem incentivado a transformação do minério em aço localmente. Com isso, tem atraído novos investimentos para construção de siderúrgicas.

A Índia extraiu 165 milhões de toneladas de minério de ferro em 2006, quase três vezes mais que dez anos antes. Só fica atrás de China, Brasil e Austrália. Desse volume, exportou 86 milhões de toneladas e grande parte se direcionou a usinas chinesas.

A ArcelorMittal tem dois projetos de novas usinas no país, nos estados de Jharkhand e Orissa, que prevêem fabricar por ano 12 milhões de toneladas cada uma. A coreana Posco tem plano para uma usina do mesmo porte em Orissa. E a Tata Steel, do indiano Ratan Tata, que no ano passado comprou a anglo-holandesa Corus, também planeja crescer no seu país. No momento, esses grupos enfrentam uma certa resistência de comunidades locais a esses projetos.

A Gerdau, um dos mais ativos investidores na siderurgia mundial, também pôs os pés na Índia, quando muitos grupos ainda miram a China. A companhia brasileira comprou no ano passado participação em uma empresa local de pequeno porte (275 mil toneladas), mas junto com o parceiro planeja investir pesado para elevar sua capacidade a 1,6 milhão de toneladas.

O principal atrativo é a evolução crescente do consumo indiano de aço acabado. O volume mais que dobrou em uma década. Em 1997 foi de 22,9 milhões de toneladas. Em 2006, atingiu mais de 46 milhões, montante considerado ainda baixo para um país com tamanha população. No mesmo período, o consumo brasileiro oscilou entre 15,3 milhões e 18,5 milhões de toneladas.

O índice per capita do consumo indiano fica na faixa de 40 quilos, bem baixo quando comparado ao de países industrializados, cuja média beira a 500 quilos. No período de 2002 a 2007, cresceu em torno de 50%, enquanto o da China mais que dobrou (104%), alcançando 298 quilos. No Brasil, subiu só 12,8%.

As projeções mais conservadoras para a Índia apontam produção de 105 milhões de toneladas em 2011, se se concretizarem os projetos em curso. Com isso, deve se transformar na terceira maior potência siderúrgica do mundo, superando Rússia e EUA e ameaçando o Japão. O consumo do país é projetado para 120 milhões de toneladas em 2015. (IR)