Título: Taxa de desemprego bate recorde de baixa
Autor: Rosas , Rafael
Fonte: Valor Econômico, 25/01/2008, Brasil, p. A4

A desistência de parte da população economicamente ativa de procurar emprego nas últimas semanas de dezembro contribuiu para que a taxa de desocupação no mês passado atingisse 7,4%, recorde de baixa desde o início da série histórica, em março de 2002. Na média do ano passado, a taxa de desocupação foi de 9,3%, em outro recorde de baixa.

No mês passado, a população ocupada caiu 0,3% na comparação com novembro, com perda de 67 mil postos de trabalho, o que foi compensado pela redução de 10,8% da população desocupada, o equivalente a 208 mil desempregados a menos, reflexo da saída de grande contingente da busca por ocupação.

"Em dezembro, a queda na desocupação não foi causada pela geração de novos postos de trabalho. Se isso é bom ou ruim, só vamos verificar nos próximos dois meses, quando parte dos temporários de fim de ano será dispensada pelas empresas", afirmou Cimar Azeredo, gerente da Pesquisa Mensal de Emprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Entre as seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE, a menor taxa de desocupação em dezembro foi de 5,3%, em Porto Alegre. Ficaram abaixo da média nacional Belo Horizonte, com 5,5%, e Rio de Janeiro, com 6,1%. A taxa mais alta foi de 11,4%, registrada em Salvador.

Em dezembro do ano passado, a taxa de desocupação havia ficado em 8,4%. Nesse tipo de comparação, a população ocupada subiu 3%, o equivalente a 623 mil novos empregos, enquanto a população desocupada recuou 9,5%, ou 180 mil desempregados a menos.

A redução da desocupação ao longo do ano significou ainda maior qualidade nas relações de emprego. Os postos com carteira assinada no setor privado em dezembro subiram 7%, ou 601 mil novos postos na comparação com dezembro de 2006, representando 43,2% da população ocupada. Em relação a novembro, no entanto, esta modalidade recuou 0,8%, ou 73 mil postos a menos.

Em sentido contrário ficou o emprego sem carteira no setor privado, que subiu 1,3% em dezembro, na comparação com novembro. Em relação a dezembro do ano anterior, no entanto, houve queda de 0,4%, ou 12 mil vagas a menos, o que deixou essa modalidade de ocupação com fatia de 13,9% da população ocupada. Já os trabalhadores por conta própria aumentaram seu contingente em 0,9% em dezembro do ano passado, na comparação com igual período de 2006, e passaram a representar 19,4% da população ocupada.

"O emprego com carteira subiu bastante e muitos falaram em boom da carteira assinada. Sou mais conservador. Reconheço que a formalidade cresceu, mas ainda falta muito", frisa Azeredo.

Apesar da redução expressiva da taxa de desocupação, os níveis de rendimento médio real ainda não recuperaram totalmente as perdas com a crise cambial de 2002. O rendimento médio entre março e dezembro do ano passado foi de R$ 1.145,08, ou 5% abaixo dos R$ 1.205,39 observados em igual período de 2002. Nesse caso, a comparação só pode ser feita entre março e dezembro, já que março de 2002 foi o primeiro mês com a nova metodologia da Pesquisa Mensal de Emprego.

"Pelas indicações da pesquisa, é possível que em 2008 o trabalhador recupere o nível de rendimento de 2002", afirma Azeredo, lembrando que pelos dados atuais ainda não foram captados efeitos da crise dos mercados internacionais sobre o nível de emprego no país.

Em dezembro do ano passado, o rendimento médio real da população ocupada subiu 0,9% em relação a novembro, para R$ 1.164. Em comparação com dezembro de 2006, o crescimento foi de 2,3%.