Título: Governo e Congresso acertam pacote
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Fonte: Valor Econômico, 25/01/2008, Internacional, p. A9

A Casa Branca e o Congresso dos EUA chegaram a um acordo definitivo sobre o plano de estímulo econômico para tentar evitar uma recessão no país e que permitirá o reembolso de impostos entre US$ 600 a US$ 1,2 mil a cada contribuinte.

A conclusão do acordo foi anunciada pela presidente da Câmara, Nancy Pelosi, o líder da minoria republicana, John Boehner, e o secretário de Tesouro, Henry Paulson. Assim que foi feito o acordo, o presidente George Bush fez um rápido pronunciamento, onde reiterou que a economia americana é resistente e os fundamentos econômicos do país são sólidos. No entanto, ressaltou que economia enfrenta desafios e é preciso criar estímulos para a atividade e o consumo.

Na semana passada, Bush propôs um pacote de US$ 150 bilhões - ou 1% do PIB do país - como uma forma de revitalizar a economia americana. Um total de 116 milhões de contribuintes serão beneficiados pelos reembolsos. Segundo o secretário de Tesouro, os cheques devem começar a ser distribuídos 60 dias depois de o projeto virar lei.

Depois de vários dias de negociações, lideradas por Paulson, o governo e os líderes do Congresso chegaram a um acordo sobre o plano que contempla US$ 100 bilhões em reembolsos de impostos às pessoas físicas e US$ 50 bilhões em medidas fiscais para as empresas. As negociações dos últimos dias não contaram com a participação de líderes do Senado.

Os reembolsos para os cidadãos americanos vai variar de acordo com a situação familiar e o nível de renda de cada americano. Os indivíduos solteiros receberão US$ 600, enquanto que os casais receberão US$ 1,2 mil, além de US$ 300 adicionais por filho.

Os cheques só serão enviados para pessoas que tenham renda anual maior que US$ 3 mil e até US$ 75 mil por ano ou casais com renda até US$ 150 mil anuais. Os trabalhadores que não são obrigados a fazer declaração de renda, mas que recebam menos de US$ 3 mil anuais, receberão um cheque de US$ 300.

As empresas, por sua vez, poderão deduzir 50% de seus investimentos em equipamento. O governo vai aumentar o limite de dedução que as grandes companhias podem fazer dos valores pagos pelos bens de capital adquiridos neste ano. As pequenas empresas poderão deduzir o dobro do limite atual de US$ 112 mil. Para que o acordo fosse fechado, os democratas retiraram seu pedido de aumentar os cupons de alimentação para os pobres e os benefícios para os desempregados, enquanto que os republicanos desistiram de sua proposta de que as empresas que registraram perdas pudessem reclamar impostos pagos.

O acordo também deve incluir propostas de reformas para as financeiras de imóveis Fannie Mae e Freddie Mac, que recebem recursos do governo, assim como para o órgão da administração imobiliária federal.

O objetivo é resolver a crise no mercado imobiliário, iniciada em fevereiro do ano passado, que vem tendo impacto na venda de casas e na construção civil, ajudando a enfraquecer a economia americana.

As vendas de casas usadas em 2007 tiveram a maior queda dos últimos 25 anos, enquanto os preços dos imóveis registraram seu primeiro declínio desde a Grande Depressão. A Associação Nacional de Corretores de Imóveis anunciou que as vendas de casas e apartamentos tiveram uma redução de 2,2% em dezembro. A taxa anual de unidades vendidas caiu para 4,89 milhões, ante previsão de uma taxa de 4,95 milhões. Em todo o ano, as vendas de residências diminuíram 13%, a maior taxa desde 1982.