Título: UE impulsiona energias renováveis
Autor: Scaramuzzo, Mônica
Fonte: Valor Econômico, 24/01/2008, Agronegócios, p. B13

A Comissão Européia, braço executivo da União Européia, aprovou ontem um pacote de medidas para combater a mudança climática e avançou sobre o acordo discutido em 2006. O bloco estabeleceu planos para reduzir em 20% a emissão de gases causadores do efeito estufa e dividiu entre os 27 países-membros uma meta para que um quinto da energia do bloco seja gerada a partir de fontes renováveis até 2020.

A comissão pretende acelerar as negociações entre os países industrializados para que um acordo sobre o clima seja firmado até 2009, com o objetivo de minimizar os efeitos do aquecimento global.

Em linhas gerais, as metas impõem uma redução de 20% da emissão dos gases de efeito estufa até 2020, alcançando 30% quando um acordo internacional for estabelecido. Até 2020, o bloco pretende utilizar 20% de energia renovável e 10% dos transportes do bloco terão de usar biocombustíveis.

No Brasil, a meta da UE foi bem-recebida, mas houve algumas ressalvas. A Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar) considerou a decisão um passo importante, uma vez que estimula a produção sustentável. Especialistas ouvidos pelo Valor afirmam que não haverá uma forte expansão das exportações brasileiras de etanol para o bloco, uma vez que os países europeus são fortes consumidores de diesel. Na prática, a produção de biodiesel deverá ser estimulada no bloco. O mercado europeu não é tradicionalmente um dos principais importadores do álcool brasileiro. As importações giram em torno de 500 milhões de litros/ano. A Suécia é um dos maiores importadores de álcool do Brasil.

"Essas metas representam oportunidades e desafios para o Brasil", afirmou Plínio Nastari, presidente da Datagro, uma das principais consultorias sucroalcooleiras do país. Nastari lembra que o país já começa a criar critérios de sustentabilidade, uma vez que o mercado internacional, sobretudo a Europa, é mais exigente neste quesito. Mas os europeus ainda irão anunciar novas e mais rigorosas regras para a importação de biocombustíveis, e isso poderá afetar o Brasil.

Segundo Elisabete Serodio, especialista em relações internacionais e sócia da consultoria Serodio & Braga, a sustentabilidade ganhou espaço importante no comércio internacional. Tanto Nastari como Elisabete afirmam que por conta dessa maior importância a UE pode passar a impor barreiras não-tarifárias à entrada do etanol no bloco, o que poderá afetar diretamente o Brasil, maior exportador do produto.

Ambientalistas afirmam, contudo, que as metas impostas não são suficientes para impedir o progresso do aquecimento global ou para que o continente seja uma referência mundial nesta área. O comissário da UE para Meio Ambiente, Stavros Dimas, rebate: "O plano dá largada na Europa para a corrida da criação de uma economia de baixas emissões de carbono, que deve gerar uma onda de inovações e novos empregos ligados às tecnologias limpas".

A partir de 2013, as geradoras de energia terão menos liberdade para emitir dióxido de carbono e precisarão comprar créditos que correspondam a todas as emissões. (Com agências internacionais)