Título: Volvo aumenta capacidade para atender demanda
Autor: Barros, Bettina
Fonte: Valor Econômico, 20/02/2008, Empresas, p. B6

Divulgação Staffan Jufors, CEO da Volvo Trucks: novos investimentos para atender a demanda mundial por caminhões pesados A explosão das vendas internacionais de caminhões pesados em 2007 já provocou uma rápida correção de rota da Volvo Trucks. A divisão de caminhões do grupo sueco, que responde por 70% dos negócios, aprovou o aporte de aproximadamente ?450 milhões de euros para a ampliação da capacidade de produção em suas unidades na Suécia e Bélgica, e a construção de uma nova fábrica de montagem de caminhões na Rússia.

A intenção é aliviar fábricas que hoje operam em plena capacidade, sobrecarregando o sistema como um todo. O ponto nevrálgico está na Europa, responsável pela maior parte das entregas. Os investimentos deverão elevar a produção anual global de 70 mil para 100 mil caminhões a partir do ano que vem.

"Dessa forma, ajudaremos também o Brasil", disse o CEO da Volvo Trucks, Staffan Jufors, que recebeu três jornalistas brasileiros para uma entrevista na sede da empresa, em Gotemburgo.

O raciocínio baseia-se no próprio sistema industrial da empresa. Aumentar a capacidade de produção da Europa desafogará a filial brasileira, uma vez que as fábricas da Volvo trabalham de forma integrada. Quando uma necessita de peças, as outras vêm a socorro.

O problema, porém, é que o Brasil tem enviado à Europa - cuja capacidade instalada está tomada - mais componentes do que deveria, segundo o executivo. Dessa forma, o mercado brasileiro fica desfalcado num momento bastante aquecido. A Volvo Brasil produz um quinto dos caminhões pesados comercializados no país.

"Subestimamos o crescimento das vendas em 2007", afirmou Bjorn Ingemanson, presidente da divisão internacional da Volvo Trucks, que responde pela América Latina. "Não conseguimos acompanhar o ritmo da demanda e por isso perdemos posição de mercado. Se tivéssemos feito mais 500 caminhões no Brasil, teríamos vendido. Mais mil, também teríamos vendido", disse.

A produção anual de 10 mil novos caminhões na Rússia deverá ter início em 2009 e consumirá quase ? 100 milhões de euros dos aportes. A unidade, localizada em Kaluga, a 200 quilômetros de Moscou, será voltada ao mercado russo, que cresceu 100% em 2006 e repetiu o resultado em 2007. Mas também abraçará o emergente Leste Europeu, cujo abastecimento é feito hoje pela Europa. O restante do investimento será pulverizado nas fábricas de cabines de Umea, no norte da Suécia, e na unidade de Gotemburgo. A fábrica de Ghent, na Bélgica, que produz câmbios, também será contemplada com a injeção de investimentos.

O impacto dessas iniciativas não deve ser sentido imediatamente na fábrica de Curitiba, que além de caminhões exporta motores e cabines. Mas a Volvo Trucks espera recuperar a posição de mercado perdida em 2007 devido ao descompasso entre oferta e demanda, diz Ingemanson.

A Volvo caiu para a quarta posição de mercado no Brasil, sendo ultrapassada pela Ford. Mercedes-Benz e Volkswagen ficaram na primeira e segunda posição, respectivamente, segundo o executivo. Mundialmente, a Volvo Trucks mantém-se em segunda posição, ora atrás da também sueca Scania, ora da Mercedes.

A empresa quer fazer com que a participação brasileira nas suas vendas totais de caminhões passe de 13,3% para 16% até 2010. O mesmo vale para outros considerados importantes no xadrez internacional. Na Austrália, a expectativa é passar de 10,5% para 14% em três anos, na África do Sul, de 8,7% para 11%; e no Oriente Médio, de 13,3% para 15%.

Com 22 mil funcionários, a Volvo Trucks tem como meta incrementar em 10% ao ano seu faturamento global. Em 2006, a empresa sueca faturou ? 21,1 bilhões de euros, valor alcançado já nos primeiros nove meses de 2007. O CEO Staffan Jufors diz estar otimista. "Estamos na melhor situação jamais vivida pela Volvo em encomendas de caminhões e temos o melhor resultado financeiro em nossa história", diz.

A Volvo conquistou o ótimo resultado apesar da derrapada no mercado americano, onde as vendas recuaram quase 50% em 2007. Os americanos anteciparam as compras de caminhões pesados para escapar da nova regulamentação ambiental de emissões de poluentes dos Estados Unidos, que exige motores mais limpos (e caros). "Ali foi ruim. Mas o resto do mundo compensou", diz Juffors.

Juffors não comenta se a estratégia de crescimento da empresa continuará na trilha das aquisições, como ocorreu nos últimos anos. Fazem parte hoje do grupo a americana Mack e as divisões de caminhões da Renault e Nissan.

A repórter viajou a convite da Volvo