Título: Aliança incorpora 12 navios à frota
Autor: Rodrigues, José
Fonte: Valor Econômico, 20/02/2008, Empresas, p. B8

Doze novos navios de contêineres para atender à rota do Atlântico Sul, com passagem pelo Brasil, serão incorporados até 2010 à frota da armadora Aliança, do grupo Hamburg Sud, com investimentos estimados em US$ 1,320 bilhão. Já em 2008, serão incorporadas seis embarcações, a primeira em maio, com capacidade para transportar o equivalente a 5,9 mil TEU (sigla em inglês para unidades de 20 pés), o que representará aumento médio de 400 TEU à maior capacidade hoje utilizada. Outras seis embarcações chegarão até 2010, desta vez com 7 mil TEU cada.

A empresa, que possui 22 navios porta-contêineres, além de oito graneleiros, cresceu 9% em 2007, em volume, para 502 mil TEU transportados e 11% em faturamento, para R$ 2,2 bilhões.

Julian Thomas, diretor da Aliança Navegação e Logística e da Hamburg Sud, diz que a empresa está com "um otimismo cauteloso para 2008", com estimativa de crescimento de 4% nas exportações e 10% nas importações. A valorização do real, no médio prazo, e a suspensão das exportações de carne para a Europa, nos últimos dias, são motivos de preocupação para a Aliança. "Costumávamos embarcar 300 contêineres de carne por semana para a Europa, número que hoje se reduziu a zero", revelou Thomas. O preço dos combustíveis é outra preocupação demonstrada pelo executivo. Segundo ele, há cerca de dez anos uma tonelada do produto para navios valia US$ 68, enquanto hoje está ao redor de US$ 475. Ao navegar por 24 horas, um navio consome o equivalente a 135 toneladas, o que onera os afretamentos.

A Hamburg Sud, que adquiriu a Aliança em 1998, então operando apenas na cabotagem, com dois navios, conta com uma frota de 240 mil contêineres em todo o mundo, número que irá crescer com a aquisição das novas embarcações. A empresa investiu nos últimos sete anos ? 300 milhões por ano em navios e equipamentos, segundo Thomas. Ele confirmou a compra, em novembro, da italiana Costa Contêiner Line (CCL), que movimenta 400 mil TEU por ano.

O crescimento da navegação, segundo José Antonio Balau, diretor da Aliança/Hamburg Sud, não está sendo acompanhado pelos portos brasileiros. Balau calcula que já exista uma demanda excedente de 1,5 milhão de TEU em relação à capacidade dos terminais do país, que operaram cerca de 4,5 milhões de TEU em 2007. Como o movimento de contêineres dobra a cada cinco anos, ele prevê que em 2012 serão 9 milhões de TEU. Com os projetos em execução e previstos, o diretor da Aliança admite que venha a ocorrer um déficit de capacidade de movimentação entre 2,5 milhões e 3,0 milhões de TEU nesse período, o que onerará os usuários, com custos adicionais de armazenagem, entre outros.

A Aliança também entrou no mercado de terminais, associando-se à Portinvest, em Itapuá (SC). Com obras em andamento e conclusão da primeira fase prevista para 2010, operará navios de até 10 mil TEU, ainda não atendidos em toda a costa brasileira. Terá capacidade para movimentar um milhão de TEU por ano, com investimentos totais até 2012, de US$ 500 milhões.