Título: Monsanto reverte a maré na guerra dos transgênicos
Autor: Hindo, Brian
Fonte: Valor Econômico, 21/02/2008, Agronegócios, p. B13

Quando Hugh Grant assumiu o cargo máximo na Monsanto em 2003, o apelido da empresa em alguns círculos era "Mutanto". Um coro de críticos alertou que as sementes transgênicas poderiam eliminar a borboleta monarca, transmitir novas alergias virulentas às pessoas e reduzir a diversidade agrícola do planeta. O autor Jeremy Rifkin prognosticou que os organismos geneticamente modificados se revelariam "o maior fracasso isolado na história do capitalismo". Paul McCartney instou o mundo a "dizer não aos transgênicos". O príncipe Charles escreveu um editorial no qual argumentou que a engenharia genética remete "a humanidade a domínios que pertencem a Deus e só a Deus".

Nos doze meses que antecederam a ascensão de Grant, a cotação do papel da Monsanto caiu quase 50%, a US$ 8 por ação. Em 2002, o ano fiscal anterior, a empresa perdeu US$ 1,7 bilhão. "Estávamos debilitados financeiramente", lembra Grant, que fala com a cadência animada da sua Escócia natal.

Menos de cinco anos depois, a Monsanto está prosperando. O lucro líquido da empresa cresceu 44% no ano passado, para US$ 993 milhões, sobre uma receita bruta de US$ 8,5 bilhões. As ações, que fecharam cotadas a US$ 104,81 em 5 de dezembro, cresceram mais de 1.000% na gestão Grant. Esses números refletem uma história mais ampla: a Monsanto reverteu a maré na guerra dos transgênicos.

Apesar de um grupo de opositores protestar contra as lavouras de biotecnologia, um número crescente de agricultores começou a plantá-las. O motivo não é mistério: as sementes da Monsanto contêm genes que matam germes e toleram pesticidas que exterminam ervas daninhas. Portanto, seu cultivo é muito mais fácil e barato.

Mais da metade das lavouras nos EUA , incluindo quase toda a soja e 70% do milho, são transgênicas. Cinco anos atrás, China, Índia e Brasil praticamente não plantaram lavouras geneticamente alteradas. Hoje, o Brasil mal consegue construir rodovias em ritmo veloz o bastante para transportar a soja transgênica do Mato Grosso aos portos. China e Índia plantaram mais de 6,9 milhões de hectares de lavouras de biotecnologia no ano passado. Esses três países são agora três dos seis maiores países produtores de transgênicos no mundo, pelo critério de área plantada.

Num momento em que o alimento orgânico é mais popular do que nunca, cerca de 7% de toda a extensão de terra cultivável do mundo está sendo plantada com transgênicos - o alimento anti-orgânico definitivo. "Quando se atinge mais de 4 bilhões de hectares plantados, a conversa passa das conjeturas aos fatos", diz Grant.

A batalha contra os transgênicos está sendo vencida não nos jornais científicos, mas em campo. A demanda global por alimento e combustível levou os agricultores a ficarem mais ansiosos para extrair maior rentabilidade de um hectare de terra. E o fato inegável é que nos doze anos transcorridos desde que as primeiras sementes transgênicas foram plantadas, as previsões mais horrendas dos oponentes não conseguiram se materializar até agora. Isso produziu uma certa arrogância na sede da empresa. Em entrevistas à "BusinessWeek", executivos da Monsanto descreviam as objeções dos adversários como "brincadeira de mau gosto" e "desinformação".

Os gerentes da empresa manifestam uma convicção quase religiosa pela causa transgênica. Nos dias em que o medo dos "alimentos Frankenstein" estava no auge, Grant e sua equipe decidiram se manter firmes. Insistiram em manter os gastos com pesquisa e desenvolvimento em 10% do faturamento. Grant também adotou a redução gradual dos produtos vendidos pela Monsanto. Ela não mais venderia sementes para produtos agrícolas destinados diretamente ao prato de comida. Em vez disso, a empresa direcionou o foco para sementes destinadas ao agronegócio, que produzia itens como ração animal, etanol e glucose de milho. Isso ajudou a esvaziar a oposição.

Se os temores aos transgênicos algum dia se consumarem, a Monsanto levará um tombo maior do que qualquer um dos seus rivais. A empresa obtém 60% da receita com sementes transgênicas, em contraste com cerca de 20% na Syngenta e menos de 10% na Dow. Os dirigentes da empresa estão em essência fazendo uma enorme aposta a descoberto na sua tecnologia.

Apesar de os executivos da Monsanto não acreditarem que estão apostando, resta ainda um grande número de céticos. Em agosto, a Kroger se tornou a mais recente rede de mercearias dos EUA a suspender a venda de leite com um hormônio bovino transgênico que aumenta a produção, que a Monsanto começou a vender em 1994. Durante o verão, militantes na França esmagaram campos de lavouras transgênicas com os pés. A hostilidade em relação aos transgênicos continua difundida na África e em partes da Ásia e da Europa. A oposição persistente é um dos motivos para que a Innovest Strategic Value Advisors (que confere às empresas uma classificação de crédito baseada no seu perfil de risco estratégico), atribua à Monsanto uma nota CCC, a mais baixa categoria. "A Monsanto diz que seus produtos são bem regulados e que, portanto, são seguros. A questão é muito mais nebulosa do que isso", afirma Heather Langsner, diretora de pesquisa da Innovest.

Em Wall Street, porém, é difícil encontrar céticos. A Monsanto está faturando rios de dinheiro, tem uma visão de negócios clara e suas ações vivem uma festança. Longe do que se viu em 2000, quando começou o mais recente capítulo na história da empresa de 106 anos. Aquele foi o ano em que a Monsanto, então um conglomerado de especiarias químicas com uma unidade agrícola pequena, foi comprada pela Pharmacia & Upjohn. Durante a aquisição, alguns analistas estimaram o valor do setor de biotecnologia em menos de zero.

Pharmacia não demonstrou muito interesse no futuro das sementes transgênicas. Ela arrebatou a Monsanto pelo composto medicinal que mais tarde se transformaria no Celebrex. Em 2002, desmembrou a Monsanto como uma empresa independente voltada à agricultura. A iniciativa veio no auge do debate sobre transgênicos e no momento em que os produtores na América Latina, um mercado primordial, atravessavam os seus piores anos. Além disso, a proteção de patente do Roundup, herbicida da Monsanto que à época representava 65% das suas vendas, havia recém-caducado. Até o fim de 2002, as vendas totais haviam declinado 14% e a receita operacional caiu à metade. O então executivo-chefe Hendrik Verfaillie foi convidado a se retirar.

O sucessor de Verfaillie, Grant, ascendeu nas fileiras da Monsanto como vendedor. Ao contrário dos executivos anteriores, distantes, ele apresentou uma face mais amigável ao exterior. Quando atuou como diretor de operações, Grant foi o porta-voz destacado para um programa da TV pública chamado "Safra do Medo", que descrevia o debate sobre os transgênicos.

Quando Grant assumiu o comando, más notícias pipocavam de todas as direções. Apesar dos bilhões de dólares investidos em duas décadas, o setor de sementes alteradas não havia lucrado um tostão. Todos os desafios pareciam desanimadores para a empresa que recentemente havia se tornado independente, pois "nenhuma matriz iria nos socorrer", lembra Carl Casale, vice-presidente executivo para estratégia e operações.

Para criar uma sensação de urgência, Grant reposicionou os membros da equipe da liderança, espalhados por todas as dependências da empresa, para o mesmo andar do edifício do seu gabinete. Todos se reportavam diretamente a ele, que a essa altura já era presidente, executivo-chefe e presidente do conselho de administração. Grant transformou a tradicional reunião da manhã de segunda-feira numa análise operacional de três horas de duração. Os gerentes saíam da reunião com uma lista de tarefas. Ele diz que seu objetivo era "formar uma equipe completa e inequivocamente responsável". Grant também se livrou da reunião anual de planejamento estratégico - "morte através de PowerPoints" - e a substituiu por avaliações estratégicas de meio dia fora da empresa a cada seis semanas.

Nessas sessões, que se estenderam por um período de meses, foi implantada uma nova estratégia. O plano girava em torno de três decisões: reduzir custos no setor de herbicidas, manter o investimento global em biotecnologia e concentrar a maioria do investimento em quatro safras de commodities (milho, soja, algodão e canola).

Essas lavouras eram cultivadas para uso industrial. Elas não chegam às lojas. O consumidor cuspiria o milho da Monsanto que, ao contrário do milho doce, não pode ser comido direto da espiga.

A decisão pegou muitos cientistas da empresa de surpresa: vários programas de pesquisa voltados para as coisas que as pessoas comem foram eliminados, entre eles o trigo transgênico, um tomate extra-durável, batatas resistentes a pragas e bananas produzidas com uma defesa inata contra vírus. Grant reconhece o sofrimento: "A ciência era brilhante. A tecnologia que detínhamos em trigo era provavelmente uma das melhores".

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Agora, os produtos transgênicos da Monsanto entram no suprimento alimentar humano indiretamente, na forma de derivados de grãos processados como o amido de milho, a glicose de milho, e óleo de cozinha. Na verdade, de 60% a 70% de todos os alimentos formulados nos EUA - processados com mais de um ingrediente - contêm organismos geneticamente modificados, diz a Associação de Produtores de Hortifrutigranjeiros.

O único alimento transgênico pronto para ir à mesa que a Monsanto vende é abóbora resistente a vírus, produto que a empresa herdou em 2005, com a aquisição da produtora de sementes vegetais Seminis. A empresa diz que no momento não há planos de produzir mais vegetais transgênicos.

Ao relatar este capítulo da história da empresa, os executivos enfatizam que estavam investindo na parte do mercado que acreditavam que cresceria (e negam terem se curvado à pressão dos militantes). Os gerentes, porém, estão conscientes dos temores dos consumidores. Uma semana antes da sua saída, em 2002, Verfaillie reconheceu que subestimara a eficácia de grupos como o Greenpeace.

David Stark, que dirige parcerias industriais globais para a Monsanto, relembra que alguns executivos do setor alimentício não queriam agendar um encontro com ele. "Eles nem queriam ser vistos comigo". No ano passado, por outro lado, Stark falou numa conferência sobre alimentos no Reino Unido, reduto do movimento anti-transgênico. "Quatro ou cinco anos atrás, nem teria sido convidado".

Desta forma, a Monsanto se transformou numa empresa de tecnologia "business-to-business", produzindo matéria-prima para abastecer as gigantes do setor alimentício industrial. A iniciativa é um dos principais motivos para o arrefecimento da oposição. Afinal, é muito mais fácil irritar o típico cliente de mercearia com um tomate mutante que com uma semente de soja resistente a herbicidas que ele jamais verá. O debate dos transgênicos "não é tão detectável na tela do radar", diz Gregory Jaffe, advogado no Centro para a Ciência no Interesse Público, uma entidade de advocacia que tem criticado a Monsanto. "Não têm havido coisas novas para combater". Alguns militantes, porém, consideram o recuo da Monsanto do terreno da biotecnologia de consumo ser uma vitória significativa.

Apesar de os compradores terem perdido o interesse no assunto, os críticos da Monsanto não se esqueceram. A empresa, porém, tentou amaciar a oposição adotando uma postura menos defensiva em relação aos críticos. Se no passado ela protegia seus trabalhos de pesquisa como segredo de Estado, hoje publica parte deles em periódicos científicos imparciais. "Percebemos em Hugh um tom que creio ser mais conciliador com os oponentes de transgênicos", diz Robert Koort, do Goldman Sachs.

A postura de Grant tomou forma, ele diz, quando ainda era diretor de operações. Um executivo da Royal Dutch Shell conversou com alguns executivos da Monsanto sobre sua experiência na ponta extrema das críticas inflamadas do Greenpeace sobre o destino de uma plataforma de petróleo desativada em alto mar. A Shell acabou seguindo o conselho do Greenpeace sobre os procedimentos para desmontar a plataforma. Um executivo da Shell falou sobre mudança social, diz Grant. A mensagem estava clara: "Confie em mim" simplesmente não funciona mais.

A mudança não passou despercebida. Em conferências acadêmicas no começo dos anos 90, "qualquer um que falasse sobre riscos poderia se transformar em alvo de perguntas realmente hostis", diz Allison Snow, especialista em botânica da Universidade de Ohio. Ela trocou farpas com outras empresas de biotecnologia sobre sua pesquisa, que demonstra que as plantas transgênicas podem se espalhar nas regiões agrestes e incentivar o crescimento de ervas daninhas. Nos nossos dias, ela diz, a Monsanto e demais empresas do setor são "mais respeitosas e interessadas no que estamos fazendo".

Esse tipo de fala conciliatória raramente era pronunciado pelos críticos das empresas. Ao longo dos anos, a Monsanto tem se envolvido numa série de polêmicas que lhe renderam uma reputação de ser inflexível. Em 2005, o Departamento de Justiça dos EUA multou a empresa em US$ 1,5 milhão por ter subornado uma autoridade indonésia (a empresa sustenta que subornos iam contra a política da empresa). A empresa tem um extenso histórico de mover processos contra agricultores por uso não autorizado das suas sementes, estratégia que levou seus adversários a taxá-la de brigão corporativo.

Mas a onda inicial de sementes ainda não criou desastres ecológicos ou imunológicos, o que aplacou as críticas. Margaret Mellon, da União de Cientistas Engajados, chegou à conclusão de que as sementes transgênicas disponíveis provavelmente são seguras para serem ingeridas. Ela assinala, porém, que pesquisadores muitas vezes identificam riscos para alergias e contaminação ambiental. "Não temos uma forma de testar se ocorrerão alergias humanas".

Enquanto o debate se acalma, a demanda por transgênicos explode. O despontar da China e da Índia elevou os níveis de renda de bilhões de pessoas que agora comem carne várias vezes ao dia. Isso provocou um aumento brusco na demanda por ração animal. Apesar de as sementes da Monsanto custarem vários dólares a mais por saca na comparação com as convencionais, os agricultores as compram porque são mais fáceis de cultivar.

A semente mais recente da Monsanto tem três características genéticas especiais: pesticida para matar a broca de milho, pesticida para matar a lagarta do cartucho e resistência ao herbicida Roundup. Um agricultor gasta, em média, até US$ 36 a mais por acre pela semente de milho de três características da Monsanto. E a empresa afirma que ele pode economizar o dobro em inseticidas e herbicidas.

Esses aperfeiçoamentos em produtividade constituem um grande motivo para os agricultores no Brasil aparentemente terem se apaixonado pelas sementes da Monsanto. Na campanha eleitoral de 2002, o assessor do presidente Lula para assuntos agrários disse: "Queremos estabelecer uma reputação de sermos livres de transgênicos. Recebemos preços elevados que nossos concorrentes (EUA e Argentina) não recebem porque plantam transgênicos". Àquela época, sementes de soja transgênica estavam sendo contrabandeados através da fronteira, da Argentina para o sul do Brasil.

O nível de uso explodiu e o governo, que não tinha nenhuma política para transgênicos, não teve outra escolha senão legalizá-las. A Monsanto declarou que estava perturbada com o que considera ser pirataria. Mas a empresa começou a levar parlamentares para "viagens instrutivas" para aprender mais sobre produtos transgênicos, diz David Fleischer, um professor em Brasília. Até 2005, o legislativo brasileiro abriu o país para a adoção dos transgênicos.

A Monsanto continuou sendo uma lobista eficaz no Brasil. Em fevereiro, o Greenpeace combateu uma proposta que teria permitido que novas tecnologias transgênicas fossem aprovadas por uma maioria simples do conselho consultor de biotecnologia, em vez de dois terços. Após longa batalha, os militantes obtiveram uma audiência com a Casa Civil. Gabriela Vuolo, que agora chefia a campanha dos transgênicos do Greenpeace no Brasil, diz que os ativistas do movimento "quase literalmente" cruzaram no saguão com representantes da Monsanto, que minutos antes haviam tido o seu próprio encontro com as mesmas autoridades. Vuolo diz que o encontro foi prejudicado pela sensação de que o lado favorável aos transgênicos "chegou lá primeiro", e que eles pareciam ter influenciado as autoridades da Casa Civil em prol do relaxamento das restrições existentes sobre os transgênicos. A nova Lei de Biossegurança foi aprovada no mês seguinte com a sanção do presidente Lula.

Atualmente, os executivos da Monsanto consideram a adoção universal das sementes transgênicas uma mera questão de tempo. Mesmo em ambientes hostis como Alemanha, França e Portugal, as sementes da Monsanto começaram a ser plantadas depois de uma moratória sobre plantio de transgênicos ter sido suspensa pela União Européia em 2004. Quanto ao movimento orgânico, ele "não conseguirá substituir a forma como a vasta maioria dos alimentos e produtos agrícolas serão cultivados", diz Casale, o estrategista da Monsanto. "Francamente, ele não pode. Não existem cidades em número suficiente candidatas à demolição para disponibilizar a quantidade adicional de terras para a produção que será necessária para cultivar com todas essas práticas para alimentar este país e esse planeta".

Hoje, mais de 90% das sementes transgênicas no mundo são vendidas pela Monsanto ou por concorrentes que detêm licença para usar genes da Monsanto nas suas próprias sementes. E a Monsanto não tem nenhuma intenção de renunciar à sua posição de liderança. Ao redor do mundo, 3 mil cientistas estão preparando a próxima geração de grãos transgênicos. Grande parte dos frutos do seu trabalho foi exposta no Salão do Progresso Agrícola anual, realizado em agosto em Decatur, Illinois. Cercada por uma cerca de arame farpado, a Monsanto apresentou o que chamou de "Acre Dourado" - uma extensa série de lavouras experimentais, de sementes de soja que produzem ácidos graxos ômega-3 ao milho imune à seca. Foi a fila de projetos de pesquisa da empresa em forma de fábrica.

Num discurso proferido durante o salão, o tecnologista-chefe Robb Fraley descreveu a futura "mudança de ritmo na produtividade". Em 1970, a safra de milho média rendeu 70 bushels por acre. Em 2006, o rendimento médio foi de 150 bushels por acre. E até 2030, prevê Fraley, o rendimento chegará a 300 bushels por acre. A Monsanto agora trabalha numa super-semente que terá oito características biológicas específicas incorporadas, e que deverá chegar ao mercado em 2010. Apesar de o debate em torno dos transgênicos ainda ter muitos anos para evoluir, Grant acredita que seu pequeno grão será a sua melhor arma nessa arena. "Assim que os agricultores virem esse produto não vão querer voltar atrás", afirma o executivo. (Tradução de Robert Bánvölgyi).