Título: Aposta é de que BNDES garantirá recursos
Autor: Balarin, Raquel, Landim, Raquel, Capela, Maurício
Fonte: Valor Econômico, 25/01/2008, Finanças, p. C1

O BNDES é a grande aposta dos empresários brasileiros como alternativa de financiamento a seus projetos de investimento, de acordo com entrevistas feitas pelo Valor com executivos de montadoras a cooperativas de leite. "É auspicioso saber que eles contam com o banco, já que uma das funções do BNDES é ter atuação anti-cíclica, em momentos de aperto da liquidez", afirma Ernâni Torres, superintendente da área de pesquisa do BNDES.

Nos 12 meses encerrados em novembro do ano passado, o banco fez desembolsos totais de R$ 65 bilhões. E a expectativa para este ano é de que o volume supere R$ 80 bilhões. Além de um aporte do Tesouro Nacional de R$ 15 bilhões, o banco conta com R$ 50 bilhões de retorno das operações. Os outros R$ 15 bilhões estão em negociação. O aumento dos desembolsos está em linha com a ênfase dada pelo governo ao Projeto de Aceleração do Crescimento (PAC).

Para os empresários, um dos grandes atrativos dos empréstimos do banco é a taxa de seus financiamentos, baseada na TJLP, hoje em 6,25% ao ano, em comparação à Selic de 11,25% ao ano. Grandes empresas, como as montadoras, por exemplo, têm utilizado os financiamentos para equilibrar seu custo total de endividamento. A Ford é uma delas. A companhia não está captando recursos no exterior. Segundo Rogélio Goldfarb, diretor de assuntos governamentais, apesar de o custo ser mais baixo no mercado externo, as taxas facilitadas do BNDES compensam parcialmente os juros cobrados pelos bancos locais, que seguem a taxa básica Selic.

A Aracruz, que começará no fim deste ano a construção de sua segunda linha de produção em Guaíba (RS), manterá seus investimentos e não está preocupada com o risco de encolhimento da oferta de crédito internacional. "Tem sempre o velho BNDES de guerra. O banco sempre foi a principal fonte de financiamento do setor", diz Isaac Zagury, diretor financeiro da Aracruz que trabalhou por décadas no banco antes de ingressar na Aracruz.

É com o "velho BNDES de guerra" que conta a cooperativa mineira Itambé. A empresa manterá o investimento de R$ 100 milhões na ampliação das fábricas de Uberlândia e Patos de Minas. "A crise pode até afetar a economia, mas em último lugar afetará a comida", diz Jacques Gontijo, vice-presidente. Segundo ele, 70% do investimento virá do BNDES. O banco tem uma linha às cooperativas, com juro de 6,75% ao ano e carência de dois a quatro anos. (RB, RL e AV)