Título: Bovespa e BM&F discutem por 60 dias acordo que pode levar à fusão
Autor: Silva Júnior, Altamiro
Fonte: Valor Econômico, 20/02/2008, Finanças, p. C2

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e a Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) anunciaram ontem à noite que estão discutindo uma possível fusão. Segundo comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), as companhias "iniciaram, em caráter exclusivo, conversações visando a integração de suas atividades".

As conversas devem durar 60 dias. Neste período, nenhuma das duas bolsas pode entrar em negociações com quaisquer outras instituições. Também neste período, elas não vão voltar a se manifestar sobre a fusão, dado o "caráter preliminar dessas discussões", segundo documento assinado por Edemir Pinto, diretor geral da BM&F , e Gilberto Mifano, diretor geral e de relações com investidores (RI) da Bovespa.

O Valor apurou que as bolsas optaram por divulgar o início das negociações como uma prática de boa governança corporativa. A idéia foi evitar qualquer vazamento de informação, já que ambas estão listadas no Novo Mercado, que exige práticas elevadas de transparência e governança. O Valor procurou as duas bolsas ontem à noite. A BM&F informou que não se pronunciaria. Ninguém da Bovespa foi localizado.

O comunicado informa ainda que não há garantias "de que algum acordo será consumado a partir dessas conversações" e que ainda não há uma "configuração" de como será a instituição resultante de uma eventual fusão.

Os rumores sobre a fusão entre a Bovespa e a BM&F são antigos. No mundo, várias bolsas vêm passando por processo semelhante nos últimos anos. Por aqui, os rumores ganharam peso no ano passado, com a abertura de capital das duas bolsas, as maiores já feitas no país. As duas operações atraíram milhares de investidores - pessoas físicas locais e estrangeiros - com demanda superior a mais de dez vezes o que foi ofertado.

Em entrevista recente ao Valor, publicada em 16 de janeiro, Mifano, da Bovespa, afirmou que uma fusão das bolsas "faz mais sentido do que uma competição entre elas". Na ocasião, o executivo afirmou que não havia conversas entre as duas instituições. "Agora não há conversa sobre o assunto, mas existirão conversas no futuro."

No ano passado, a BM&F anunciou uma troca de ações com o CME Group, de Chicago, que controla a maior bolsa de futuros do mundo, em uma operação de R$ 1,3 bilhão. Pelo acordo, o CME ficou em 10% do capital da BM&F e a brasileira com 2% das ações do grupo americano.

Já a NYSE Euronext, que controla a Bolsa de Valores de Nova York, anunciou que comprou, no processo de abertura de capital da Bovespa, ações que equivalem a 1% de seu capital por US$ 90 milhões. (Colaborou Cristiane Perini Lucchesi, de São Paulo)