Título: Brasil é o terceiro país que mais cresce em celulares
Autor: Moreira, Assis
Fonte: Valor Econômico, 21/02/2008, Tecnologia & Telecomunicações, p. B2

O Brasil foi o terceiro entre os países que mais atraíram novos assinantes de celular em 2007, União Internacional de Telecomunicações (UIT). Ficou atrás apenas da China e da Índia.

Nada menos de 21 milhões de telefones móveis foram habilitados no mercado brasileiro no ano passado, um crescimento de 17% nesse segmento das telecomunicações. Agora, 120,9 milhões de pessoas têm celular no país, ou 63,6% da população.

O crescimento só foi maior na China, com 79 milhões de novos assinantes, e na Índia, com 45 milhões - o que se explica pelo tamanho de suas populações e pela fase em que se encontra o mercado de celular nesses países. A Rússia ficou em quarto lugar, com 20 milhões, logo atrás do Brasil.

Esses quatro países, que constituem os chamados Brics, tinham juntos quase um bilhão de usuários de celular em 2007, ou um terço do total mundial. Somando com os usuários nos Estados Unidos, Japão e Indonésia, os sete países têm metade dos telefones móveis no mundo.

Segundo a UIT, o número total de detentores de telefones fixos e/ou móveis aumentou, globalmente, de 1 bilhão em 1997 para 4,2 bilhões em 2007. A maior expansão foi nos celulares. Desde 2000, os usuários de telefonia móvel cresceram 20 vezes, representando 70% de todos os assinantes de telefones.

Essa expansão foi utilizada ontem pela Organização Mundial do Comércio (OMC), num seminário, para argumentar que o acordo de liberalização do setor de telecomunicações assinado em 1998 tem sido um sucesso.

Ocorre que justamente o Brasil, onde houve uma das maiores altas, até hoje não ratificou o acordo e a Rússia tampouco faz parte da entidade. Em 2001, o Brasil dispôs-se a assinar o compromisso da OMC, mas alguns países não o quiseram, porque a Lei Geral de Telecomunicações brasileira permite ao presidente da República bloquear a entrada de investimento estrangeiro no setor. Nas atuais negociações da Rodada Doha, o Brasil fez ofertas de liberalização no setor, mas manteve o artigo com o poder presidencial.

Ontem, Pascal Lamy, diretor-geral da OMC, voltou a pedir aos países para melhorar suas ofertas de liberalização. Argumentou que reformas ampliaram o acesso global de telecomunicações de 15% em 1999 para mais de 60% em 2006, e o faturamento do setor pulou de US$ 620 bilhões para US$ 1,4 trilhão nesse período.