Título: Fusão da Bovespa e BM&F deve criar bolsa gigante
Autor: Silva Júnior, Altamiro
Fonte: Valor Econômico, 21/02/2008, Finanças, p. C3

A fusão entre a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e a Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) pode criar uma das maiores bolsas do mundo em valor de mercado. Segundo estudo da Economática, nas Américas, a bolsa só perderia em tamanho para a Chicago Mercantile Exchange (CME), a maior bolsa de derivativos do mundo, avaliada em US$ 27,7 bilhões (valor obtido pela multiplicação da cotação da ação da bolsa pelo total de papéis).

O valor de mercado da Bovespa e da BM&F somado seria de US$ 18,1 bilhões, superando a Bolsa de Valores de Nova York (NYSE), com US$ 17,7 bilhões e bem acima da Nasdaq, com US$ 4,7 bilhões. A Bovespa sozinha é avaliada em US$ 10 bilhões, valor bem superior a bolsas de valores de outros países emergentes, como a Bolsa da Índia, com US$ 1,2 bilhão, ou a da China, com US$ 3 bilhões.

Ontem, os analistas passaram o dia especulando sobre como seria uma eventual fusão. Um relatório da Planner Corretora fala na aquisição da BM&F pela Bovespa como uma das alternativas mais prováveis. A Bovespa tem R$ 1,5 bilhão sobrando em caixa, da época que ainda era uma instituição sem fins lucrativos. Pela lei, esse dinheiro não pode ser distribuído como dividendo. A corretora acredita que ele pode vir a ser usado para financiar a aquisição. Já outros analistas avaliam que uma troca de ações pode ser mais indicada.

Dentro do processo de consolidação do mercado, a BM&F convocou seus acionistas para uma assembléia extraordinária no dia 26 para definir a entrada do CME Group, dono da Chicago Mercantile, no capital da bolsa brasileira. Pelo acordo, a BM&F poderá oferecer seus produtos em mais de 80 países por meio da plataforma de negociação eletrônica do CME.

A CME terá 10% da BM&F e indicou o executivo Craig Donohue para fazer parte do seu conselho de administração. O nome do executivo deve ser aprovado na mesma assembléia, juntamente com o de Marcelo Trindade, ex-presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

O crescimento do mercado brasileiro, que deve se acelerar com a obtenção da nota "grau de investimento", também está despertando o interesse dos vizinhos. A Interbolsa Comisionista de Bolsas, da Colômbia, mas que também opera nos Estados Unidos e Panamá, já pediu autorização ao Banco Central para operar aqui. A corretora quer comprar o controle da brasileira Finabank. O advogado Luiz César Aschermann Correa, sócio do escritório Bastos-Tigre Advogados, está assessorando a parte jurídica e acredita que até o final do ano o negócio deve ser concluído e ser criada a Finabank-Interbolsa.