Título: Retorno do Banco Fator atingiu 89% em 2007
Autor: Silva Júnior, Altamiro
Fonte: Valor Econômico, 21/02/2008, Finanças, p. C13

Guilherme Maranhão / Valor Manoel Horácio, presidente do Fator: "Banco vai apostar em private equity" O Banco Fator anuncia hoje uma das maiores rentabilidades do setor bancário brasileiro. O banco, focado em corretagem, fundos de investimento e mercado de capitais, registrou retorno patrimonial de 89% em 2007. Em 2006, já havia apresentado retorno semelhante, de 90%. O lucro líquido cresceu 80% e ficou em R$ 145,8 milhões.

O Fator, assim como Bradesco, Itaú e Unibanco, também tem lucro não realizado. O ganho é formado pelas ações que o banco tem da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F). Pelos preços de final de dezembro, este lucro está na casa de R$ 320 milhões, líquido de impostos.

Foram as ações das duas bolsas, aliás, que garantiram os altos ganhos do banco em 2007. O Fator embolsou R$ 89 milhões (já descontado os impostos) na abertura de capital das duas bolsas. Vendeu 35% das ações que tinha da BM&F e 30% da Bovespa.

Com isso, as receitas totais subiram de R$ 270 milhões para R$ 420 milhões. O patrimônio líquido fechou em R$ 296,6 milhões, aumento de 81%. Desde 2002, o patrimônio do banco tem registrado crescimento médio anual de 55%. Os ativos totais subiram 42% e fecharam o ano em R$ 1,2 bilhão.

Com dinheiro em caixa, a preocupação do Fator agora é para onde crescer e rentabilizar este capital, afirma Manoel Horácio Francisco da Silva, presidente do banco. Neste contexto, já em 2007, o banco começou a operar mais no mercado de crédito. As operações no segmento ficaram em R$ 122 milhões, alta de 56% em relação ao ano anterior. Em 2004, estas operações não passavam dos R$ 3 milhões. "As operações de crédito vão crescer mais. Temos um patrimônio muito pouco alavancado", diz ele.

Além disso, o Banco Fator escolheu dois novos setores para investir em 2008. Fundos de private equity (carteiras que compram participações em empresas) e ativos imobiliários.

Na área de PE, estão sendo criados quatro fundos, que estão em processo de captação. O maior deles terá R$ 600 milhões de patrimônio, e vai investir nos mais diversos setores, preferencialmente de infra-estrutura e energia. O alvo são empresas maiores, com faturamento acima de R$ 200 milhões ao ano. Para empresas menores, terá outro fundo, de até R$ 400 milhões, também para o setor de infra-estrutura e energia.

Os outros dois fundos serão voltados para cinema e inovação tecnológica. Este último pode patrimônio de até R$ 200 milhões e será voltado para companhias de menor porte. Esta área pode ser transformada em uma empresa separada, controlada pelo banco.

Na área imobiliária, a idéia é fazer a gestão de fundos que apliquem no setor, seja para empreendimentos comerciais ou residenciais. O banco também vai apostar no certificado de recebíveis imobiliários (CRI).

Ainda dentro do segmento de recebíveis, o Fator assumiu a gestão do fundo (FIDC) da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) que foi estruturado pela Rio Bravo, mas empacou em um patrimônio de R$ 20 milhões.

O banco fará a gestão da carteira, que vende recebíveis de várias associadas da Abimaq, e quer atrair investidores para levar o patrimônio a R$ 100 milhões este ano e a R$ 600 milhões até 2010. "O fundo não deslanchou e resolvemos assumir a gestão e apostar na carteira" , conta Manoel Horácio.

A área de mercado de capitais, por conta da crise das bolsas mundiais, reduziu o ritmo de negócios desde meados do ano passado. O banco estava trabalhando em cinco aberturas de capital, que foram suspensas por enquanto. Outras duas estão sendo preparadas e só aguardam uma melhora do humor dos investidores para vir a mercado. Manoel Horácio acha que os investidores estrangeiros ainda vão continuar cautelosos por algum tempo.

Na área de fusões e aquisições, ao contrário, as operações estão aquecidas. O banco está participando da modelagem da venda de 18 empresas do setor de energia pelo governo paulista, que inclui a Companhia Energética de São Paulo (Cesp).

Para 2008, os planos também incluem a abertura de um escritório (broker dealer) nos Estados Unidos, que começou a ser desenhado no ano passado. Em dezembro, o fator começou a trabalhar com câmbio, intermediando compra e venda de dólar, e quer reforçar estas operações este ano.