Título: Gabeira monta coligação para a disputa do Rio
Autor: Grabois , Ana Paula
Fonte: Valor Econômico, 25/02/2008, Brasil, p. A8

Uma frente formada pelo PV, PSDB e PPS foi fechada na semana passada pelo deputado federal Fernando Gabeira (PV) para as eleições municipais no Rio. Deputado mais votado no Estado em 2006, com 293 mil votos, Gabeira pode ser o candidato da aliança a prefeito, mas diz que não gostaria de interromper o atual mandato. "Faria tudo para ajudar o candidato que se destacar na frente, mas não descarto totalmente sair como candidato", disse. Formalmente, o PV tem como pré-candidato Alfredo Sirkis, ex-secretário municipal.

Gabeira também conversou com Alessandro Molon, pré-candidato do PT. O partido deve fechar sua candidatura em torno de Molon, após a saída da disputa de Edson Santos, que assumiu a Secretaria de Igualdade Racial. Molon, aos 34 anos, cumpre o segundo mandato como deputado estadual e foi o mais votado do PT em 2006. Com base na Igreja Católica, milita na defesa pelos direitos humanos.

Embora estejam no páreo a ex-ministra e secretária estadual de Assistência Social, Benedita da Silva, e Vladimir Palmeira, petistas cariocas apostam em um consenso em torno do nome de Molon. Palmeira teve votação pouco representativa em 2006 para o Estado e Benedita pode candidatar-se a uma das duas vagas do Rio ao Senado em 2010. "A idéia é de pelo menos manter um pacto de não agressão na campanha e de adotar temas convergentes", disse Gabeira sobre as conversas com o PT.

Um dos principais alvos da nova coligação é o prefeito Cesar Maia (DEM), no fim de sua terceira administração. "Vamos mostrar o abandono que se encontra a cidade, a péssima gestão a que os cariocas têm sido submetidos e confrontá-la com as administrações petistas em capitais como Belo Horizonte, Recife e Fortaleza", afirmou Molon.

Entre os tucanos, ainda não há definição entre os pré-candidatos: a vereadora Andrea Gouvêa Vieira, o deputado estadual Luiz Paulo Corrêa da Rocha e o deputado federal Otavio Leite. O presidente do PSDB, Sérgio Guerra, reuniu-se com os três na semana passada, mas nenhum deles abriu mão de suas pré-candidaturas. O assunto deve ser resolvido pelo presidente do conselho político do PSDB, o ex-governador Marcello Alencar, até o fim do mês. "Terminamos sem consenso, mas na aliança eu e Luiz Paulo abriríamos mão em prol de um nome mais forte, como Gabeira ou Denise Frossard", disse Andrea Gouvêa Vieira. Gabeira também convidou o deputado federal Chico Alencar, pré-candidato do P-Sol, que não aceitou participar por conta da presença do PSDB.

Com um grande eleitorado evangélico, o pastor da Igreja Universal e senador Marcelo Crivella (PRB) continua em busca de alianças no primeiro turno para ganhar mais tempo de propaganda na TV, mas até agora só conseguiu apoio do PTB e do PT do B. Em primeiro lugar nas pesquisas, o apresentador de TV e deputado estadual Wagner Montes (PDT) terá que disputar pré-convenção com o deputado Paulo Ramos e Álvaro Barros.

O imbróglio entre o governador Sérgio Cabral (PMDB) e o prefeito Cesar Maia permanece sem solução. Cabral quer o secretário de Esportes e Turismo, Eduardo Paes, em candidatura própria. Maia defende um nome do PMDB para ser vice da deputada federal Solange Amaral (DEM) por conta de acordo fechado com outras alas do PMDB ligadas ao ex-governador Anthony Garotinho e a Jorge Picciani, presidente da Assembléia Legislativa. Apesar de defender a candidatura de Paes, Cabral deve apoiar Crivella em um eventual segundo turno devido à aliança com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Crivella faz parte do partido do vice-presidente, José Alencar, e tem apoio de Lula.