Título: Cresce a demanda por novos engenheiros de petróleo
Autor: Gold , Russell
Fonte: Valor Econômico, 25/02/2008, EU & Carreira, p. D6

Com o aumento do preço do petróleo e o envelhecimento do quadro de funcionários das petrolíferas, cresceu bastante a demanda por novos engenheiros de petróleo. Por isso, estudantes estão lotando os programas de engenharia nas universidades, se preparando para empregos nesse setor industrial com salários que fazem inveja a professores de carreira. Novos engenheiros de petróleo que se formarem com as melhores notas este ano nos Estados Unidos podem esperar salário inicial de US$ 80.000 a US$ 110.000 por ano, mais incentivos de contratação e outras regalias.

É um quadro completamente oposto ao dos anos 90, quando as carreiras cogitadas por universitários não incluíam essa possibilidade. Na época, ainda era fresca a lembrança da grande crise do petróleo em meados dos anos 80, quando o preço do produto afundou para US$ 12 o barril e milhares de profissionais do setor perderam o emprego. Entre 1986 e 2000, a indústria americana de petróleo cortou 60% de sua força de trabalho, segundo relatório da Interstate Oil & Gas Compact Commission (Comissão Interestadual de Petróleo e Gás), agência americana de conservação de petróleo e gás natural.

Agora a indústria do petróleo encara outro êxodo - o que alguns chamam de "a grande troca de equipe" -, porque a maior parte dos trabalhadores remanescentes está chegando à idade de se aposentar. Como as ações das petrolíferas engordam muitas contas de aposentadoria, alguns engenheiros e geocientistas também ficam tentados a desligar seus computadores mais cedo e partir para o campo de golfe.

As petrolíferas reconheceram que se confrontariam com uma crise potencial de mão-de-obra quase dez anos atrás, quando o interesse pelos cursos de engenharia de petróleo murcharam por todo os EUA. As matrículas de estudantes se reduziram de 11.014 em todo o país em 1983, ano com o maior número, para 1.387 em 1990, segundo dados de Lloyd Heinze, professor de engenharia de petróleo da Universidade Texas Tech em Lubbock. Nos 14 anos seguintes, o ingresso ao curso permaneceu abaixo de 2.000 alunos por ano.

Isso levou a indústria a oferecer bolsas de estudo e programas de treinamento para atrair estudantes de volta ao setor. Porém, mais recentemente, quando as petrolíferas aceleraram o ritmo a fim de acompanhar a velocidade do consumo mundial de petróleo e os preços dispararam - fechando no recorde de US$ 100,74 por barril em Nova York ontem -, elas ficaram mais desesperadas.

Hoje em dia, na disputa para garantir novos engenheiros recém-formados, a busca começa com programas de estágio durante as férias de verão. Dali, os estudantes mais promissores são puxados para empregos lucrativos, também nas férias, quando ainda estão nos primeiros anos do curso.

A Devon Energy Corp., de Oklahoma City, que teve receita de US$ 11,4 bilhões em 2007, paga aos estagiários até US$ 32,50 por hora (o salário mínimo federal dos EUA é de US$ 5,85 por hora) e permite que eles participem do seu plano de aposentadoria patrocinado, para o qual ela contribui com até 6% do salário deles. E os estudantes são designados para trabalhos importantes. Um estagiário criou um projeto de US$ 10 milhões para aumentar a produção num campo de petróleo na Bacia Permiana, que foi aprovado e recebeu financiamento no ano passado.

A Devon continua atrás dos estudantes mesmo depois de eles voltarem para a faculdade, presenteando-os com cestas de doces e café na época dos exames finais, diz Frank Rudolph, vice-presidente de recursos humanos da empresa. "Atrás deles cedo e atrás deles sempre", diz Rudolph.

Como as empresas disputam mais duramente cada nova turma de formandos, o aumento dos salários já quase empatou com a estonteante alta do petróleo. No ano passado, alunos formados pelo prestigiado departamento de engenharia de petróleo da Universidade Texas A&M receberam salários anuais iniciais em média de US$ 78.000, um aumento de 33% em quatro anos. Vários deles ganharam incentivos de contratação acima de US$ 20.000, segundo a universidade. A Texas Tech informa que os alunos que se formarem este ano vão ter salário anual médio de US$ 110.000, um aumento de 66% em quatro anos.

Os geólogos, que estudam formações rochosas em busca de petróleo, também tiveram aumento no salário de iniciante. Segundo o Instituto Americano de Geologia, a média salarial para um recém-formado neste ano letivo é de US$ 81.300, 48% acima da média de 2003, de US$ 55.000.

Quando Bradley Barnum escolheu fazer o curso na Universidade do Texas, em 2004, o preço do petróleo já havia saltado para a faixa de US$ 40 a US$ 50 o barril, introduzindo uma nova era de lucratividade para as empresas. "Era uma boa época para entrar na indústria do petróleo", diz Barnum, que vai pegar seu diploma em maio e já aceitou emprego na Chevron Corp. como engenheiro de produção em Midland, no Texas. Ele preferiu não especificar seu salário, mas disse que a oferta normal está entre US$ 80.000 e US$ 90.000.

Com o aumento dos salários para os engenheiros de petróleo, estudantes estão lotando os auditórios para aprender a respeito da mecânica de reservatórios de petróleo e perfuração de poços. Um grupo de estudantes que optaram por carreiras relacionadas ao petróleo se descreve assim na internet: "Nós fazemos o mundo girar e ao mesmo tempo ganhamos muito dinheiro".