Título: Alckmin defende FHC das críticas de Lula e reclama de corte de repasses
Autor: Marta Watanabe
Fonte: Valor Econômico, 04/02/2005, Política, p. A5

O governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse ontem que a gestão do presidente Lula "tem muito discurso e pouca eficiência". O comentário foi feito ontem após a divulgação do balanço financeiro do Estado de São Paulo. O governador rebateu as críticas feitas por Lula. Em visita a São Paulo anteontem o presidente criticou a gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que teria deixado como herança uma dívida social "quase impagável". Lula comparou o governo de FHC ao "vendaval da Ásia", referindo-se ao tsunami que atingiu vários países asiáticos em dezembro. O governador criticou "a sangria tributária" e a "sanha arrecadatória" do governo Lula. Na divulgação do balanço financeiro, Alckmin salientou que no ano passado aumentou a relação da arrecadação de tributos federais em São Paulo com as receitas tributárias pertencentes ao Estado. Ele criticou principalmente a elevação de carga tributária das contribuições sociais, cujas receitas não são divididas com Estados e municípios. No balanço, Alckmin mencionou que em 1996 o governo federal ficava com 66,88% do ICMS recolhido em São Paulo, contra 33,2% para o Estado. Em 2004 essa proporção ficou em 74,3% para o governo federal e 25,7% para o Estado. O governador disse que a União aposta no crescimento de receitas com carga tributária enquanto o Estado de São Paulo manteve nos últimos anos uma arrecadação estável com controle de gastos por meio da implantação dos pregões eletrônicos e presenciais e a redução de alíquotas do ICMS para alguns setores. Alckmin diferenciou a política tributária de Lula da do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que também apresentou recordes de arrecadação. Segundo o governador, a gestão de FCH teve realidade macroeconômica diversa e "vários esqueletos que acabaram aparecendo" com a estabilidade após uma inflação de 2000% ao ano. Alckmin alegou que Lula encontrou um "outro país, com política monetária, fiscal e cambial." Alckmin também rebateu às críticas feitas pelo presidente à Febem, administrada pelo governo de São Paulo. "Às vezes as pessoas falam como se fossem comentaristas", disse, ao informar que o governo federal cortou os recursos para a Febem. "É muito fácil falar", criticou o governador. "E o que o presidente está fazendo para melhorar a situação da Febem e do jovem infrator?"