Título: Marfrig compra, em Mato Grosso, a Carroll's do Brasil
Autor: Góes , Francisco
Fonte: Valor Econômico, 26/02/2008, Agronegócios, p. B16

O Marfrig, um dos maiores produtores de carne bovina e subprodutos do mundo, anunciou ontem a compra de 100% do controle da Carroll's Food do Brasil, do grupo carioca MPE, por R$ 42,26 milhões. A empresa também informou que arrendou o frigorífico de suínos Itararé, na cidade homônima, em São Paulo. As duas operações, realizadas por meio da subsidiária Mabella, vão permitir que o Marfrig aumente os abates de suínos para 6,4 mil cabeças por dia, cerca de 50% mais que a capacidade anterior, de 4,2 mil animais por dia.

Os novos investimentos complementam a estratégia do Marfrig de ampliar sua presença no segmento de proteínas animais, disse o diretor de relações com investidores da companhia, Ricardo Florence. Os negócios também permitem diversificar a presença geográfica do grupo no país, que passa a ter plantas para abate de suínos no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso, sede da Carroll1's.

Florence disse que o valor a ser pago pela Carroll's ainda será ratificado após auditoria e precisará ser aprovado pela assembléia geral de acionistas do Marfrig. É a décima aquisição do grupo desde que abriu o capital na Bovespa, em junho de 2007. A empresa assumirá a operação da Carroll's em 1º de março. No Itararé, o Marfrig já está no leme

O presidente do grupo MPE, Renato Ribeiro Abreu, disse que os recursos obtidos com a venda da Carroll's serão usados para investimento e pagamento de dívidas da Agromon Agricultura e Pecuária, empresa do grupo que produz soja, milho e algodão e cria gado bovino no Mato Grosso. Abreu afirmou que a venda da Carroll's faz parte de um movimento de revisão de atividades iniciado pelo grupo há dois anos e no qual se inserem, além da suinocultura, a produção de tilápias e de sucos prontos para beber. "Vamos fortalecer outras atividades do agronegócio incluindo soja, algodão, boi e camarão", disse.

Florence afirmou, por sua vez, que toda a estratégia na área de suinocultura do Marfrig será definida pela divisão Mabella, que vai administrar e fazer a integração do negócio. A Mabella, pertencente a ex-empregados de Sadia e Aurora, foi adquirida pela Marfrig no último trimestre de 2007, por R$ 70 milhões. A empresa tem duas plantas para abate de suínos, uma no Rio Grande do Sul e outra em Santa Catarina, com capacidade total de 4,2 mil cabeças/dia.

Antes de comprar a Mabella, o Marfrig não tinha plantas industriais para abate e processamento de carne suína. A unidade de Itararé, cujo prazo de arrendamento não foi divulgado, acrescenta ao grupo mais mil cabeças de capacidade de abate diário na suinocultura. E a Carroll's outras 1,2 mil cabeças/dia por meio de uma participação que a empresa tem no frigorífico Intercoop, uma cooperativa situada em Nova Mutum (MT).

Além da participação no frigorífico, a Carroll's é dona de duas granjas: uma em Diamantino (MT), com 11 mil matrizes suínas em produção, e outra na região de Rondonópolis, também no Mato Grosso, com 1,5 mil matrizes. A criação de suínos é importante na estratégia comercial do Marfrig, que inclui produção de produtos suínos industrializados, defumados e processados, vendas para restaurantes no segmento de "food service", exportações, em embarques combinados com carne bovina, e atendimento ao mercado doméstico.

Outro ativo da Carroll's Food do Brasil é uma fábrica de ração, com capacidade de processar 50 toneladas por hora, também situada em Diamantino. A aquisição da Carroll's ocorre em um momento em que os frigoríficos enfrentam problemas para exportar carne bovina para a Europa, mas Florence não vê nisso um empecilho para o crescimento da empresa: "Nossa exportação para a Europa feita do Brasil está sendo realizada normalmente da Argentina e Uruguai. E há clientes destes países sendo atendidos pelo Brasil".

A parceria da MPE com a americana Carroll's Food, para criar a Carroll's Brasil, se deu há dez anos. Pouco depois, a também americana Smithfield comprou a Carroll's. Em 2006, a MPE adquiriu a parte do sócio na empresa, que tinha plano de ter cinco granjas na região de Diamantino com 54,4 mil matrizes suínas, o que não chegou a acontecer.