Título: Governo já elaborou três planos para salvar a Varig
Autor: Juliano Basile e Cristiano Romero
Fonte: Valor Econômico, 04/02/2005, Empresas &, p. B2

Por trás da definição do veto presidencial à Lei de Falências, estão as discussões sobre o destino da Varig. Desde que o assunto começou a ser discutido pelo governo, já surgiram três planos de salvamento da empresa: o Plano Lessa (do ex-presidente do BNDES, Carlos Lessa); o Plano Viegas (do ex-ministro da Defesa, José Viegas) e, mais recentemente, o Plano Alencar (do vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar). O Plano Lessa não sobreviveu à primeira reunião de ministros, convocada para debater o assunto. Ele envolvia o aporte de recursos vultosos do BNDES para sanear a Varig. O Plano Viegas também naufragou. Ele previa intervenção na Varig, com a transferência das operações da empresa à TAM e à Gol. O BNDES abriria uma linha de crédito de R$ 300 milhões para financiar o capital de giro das duas empresas. A fórmula, rejeitada pela área econômica do governo, previa que os empréstimos seriam feitos em nome da Varig, mas o custo seria calculado com base no risco de crédito da TAM e da Gol. Nas discussões com Viegas, as duas empresas não admitiram assumiriam antigos passivos da Varig. No fim, elas concordaram em assumir parte do passivo previdenciário. Na ocasião, o governo chegou a discutir nomes de possíveis interventores - um deles foi o do ex-presidente do Banco do Brasil, Cássio Casseb. O Plano Viegas acabou não indo adiante porque o ministro foi demitido. Quando assumiu a Defesa, Alencar se recusou a assinar o ato de intervenção na Varig, que já estava pronto. Ele chamou o Unibanco e a Trevisan Consultores para elaborar um plano de salvamento. Anunciada na semana passado, a proposta prevê a transformação das dívidas da Varig em capital acionário, uma espécie de estatização da empresa. A área econômica do governo é contra. Acha que a empresa deve recorrer à Lei de Falências, mas acredita que, mesmo nessa hipótese, não terá salvação. (CR e JB)