Título: Preços do álcool recuam com boa oferta paulista
Autor: Mônica Scaramuzzo
Fonte: Valor Econômico, 04/02/2005, Agronegócio, p. B10

Os preços do álcool anidro e hidratado fecharam o mês de janeiro com ligeiro recuo em relação a dezembro, pressionados pela boa oferta no mercado paulista, apesar do período de entressafra da cana no Centro-Sul do país. O litro do anidro foi negociado a R$ 0,91 (PIS/Cofins), na última semana do mês, com recuo de 1,6%, em relação à ultima semana de dezembro. O hidratado fechou a R$ 0,79 (sem ICMS de 12%), com aumento de 0,6% sobre dezembro. Em relação a janeiro de 2004, o anidro está com valorização de 39%, e o hidratado, com alta de 34%, de acordo com a Job Economia e Planejamento. Segundo Júlio Maria Martins Borges, presidente da Job, os preços do álcool estão firmes neste início de entressafra, mas com "viés de baixa". Para ele, há boa oferta de anidro no mercado interno. Os volumes de álcool hidratado, contudo, são mais restritos. Martins Borges disse, contudo, que a situação é "contornável", uma vez que o processo de conversão de anidro em hidratado é simples. O abastecimento de álcool deve ser garantido sem problemas até o início da nova safra, que deverá ser antecipada para abril e, para algumas usinas do Centro-Oeste, no final de março. As cotações devem seguir sem suporte, uma vez que as perspectivas de antecipação da safra estão garantidas. Mesmo com os recentes recuos, o combustível desde outubro de 2004 está remunerando melhor que o açúcar. A entrada da nova safra de cana no Centro-Sul do país deverá pressionar os preços do álcool e do açúcar, por conta da maior oferta de cana no país. É justamente para tentar evitar as oscilações de preços que a cadeia produtiva, com apoio da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), está tentando formatar um arcabouço capaz de garantir maior estabilidade e diluir riscos e custos. Félix Schouchana, diretor de mercados agrícolas da BM&F, explica que a idéia, em gestação também no Ministério da Agricultura, é incentivar a emissão de títulos lastreados em álcool. Schouchana lembra que, pela dificuldade logística, esse mercado não trabalha com estoques de passagem, e que tais títulos podem atrair investidores e funcionar como referência de preços, minimizando a volatilidade associada à escassez ou superoferta do produto. (Colaborou FL)