Título: Levy negocia investimento com FMI
Autor: Claudia Safatle e Henrique Gomes Batista
Fonte: Valor Econômico, 04/02/2005, Finanças, p. C1

O Secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, passará o carnaval em Washington, para fechar a negociação do Brasil com o Fundo Monetário Internacional (FMI), sobre a implementação do projeto piloto de investimentos que serão subtraídos do cálculo do déficit público, num valor total de R$ 2,8 bilhões. O FMI, porém, somente oficializará a nova metodologia de cálculo desses investimentos na reunião de abril, quando sancionará a proposta de vários outros países sobre essa mesma demanda. Deverá, também, divulgar uma espécie de manual técnico sobre como contabilizar os investimentos do projeto piloto nas contas públicas. O chefe da missão do Fundo que está no Brasil, Charles Collyns, informou ontem que vai recomendar a aprovação da décima e última revisão do atual acordo que o Brasil mantém com a instituição. "Vamos voltar a Washington e recomendar a conclusão da última revisão do acordo", declarou Collyns, após reunião com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Com isso, a revisão do acordo, que deve ser concluída em março na reunião do conselho de diretores do FMI, o Brasil terá direito a sacar mais US$ 1,4 bilhão - mas, como das outras vezes, não deverá fazê-lo. Sobre se o governo vai renovar o acordo atual, que termina em março, ele disse: "Perguntem ao ministro (Palocci). Essa é uma decisão que o governo tem de tomar e acredito que até o fim do acordo, em março, o governo terá uma decisão", disse. Após reunir-se por mais de duas horas com Palocci e Henrique Meirelles (presidente do Banco Central), Collyns elogiou a política econômica brasileira. Os técnicos do Fundo estiveram ainda com o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan. "Estamos muito satisfeitos com a performance da economia brasileira, satisfeitos com a força das políticas macroeconômicas e o progresso realizado com as reformas estruturais", disse. Ele classificou de "audaciosa" a agenda do governo. "Isso é muito importante para que o Brasil sustente a sua performance de crescimento de alto nível", afirmou. Palocci não quis comentar os termos discutidos e nem a possibilidade de o governo fechar um novo acordo com o FMI. "Novo acordo vou discutir só em março", disse. O atual programa foi firmado em 2002 e , em 2003, renovado por mais 15 meses.