Título: BNDES terá US$ 5 bilhões para crédito às exportações
Autor: Francisco Góes
Fonte: Valor Econômico, 10/02/2005, Brasil, p. A3

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai financiar as exportações brasileiras com US$ 4,5 bilhões a US$ 5 bilhões este ano. Os valores devem representar crescimento entre 16,5% e 29,5%, respectivamente, na comparação com 2004, quando o banco liberou US$ 3,86 bilhões no apoio às vendas externas. Em janeiro, os desembolsos do BNDES-Exim, braço de exportações do BNDES, totalizaram US$ 620 milhões, com alta de 113,7% em relação aos US$ 290 milhões do mesmo mês do ano passado. "A prioridade, em 2005, será o apoio aos setores de petróleo e gás, aeronáutico, de bens e serviços e às pequenas e médias empresas", diz Armando Mariante, diretor das áreas industrial e de comércio exterior do BNDES. Funcionário de carreira do banco, ele retornou ao BNDES há dois meses, depois de ocupar a presidência do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro). "Não me incluo na corrente mais conservadora, que acredita que 2005 poderá ser um ano com maiores dificuldades", avalia. Ele informou que na última reunião de diretoria do BNDES, em 1º de fevereiro, foram aprovados financiamentos para a exportação de bens e equipamentos para uma série de países, entre os quais Angola, Guatemala, México, Venezuela e Jamaica. Foram aprovados empréstimos de US$ 1,4 milhão para quatro operações na modalidade pós-embarque, que financia a venda do bem a ser exportado. A Noma do Brasil, por exemplo, teve aprovado financiamento de US$ 100 mil para exportar cinco semi-reboques para Angola. O BNDES só financia a exportação de produtos manufaturados. "O BNDES atua de forma complementar ao setor privado, participando onde é preciso e diferenciando-se nos prazos de financiamento e na formatação de operações estruturadas", diz Mariante. Um setor no qual a participação do BNDES é estratégica é o aeronáutico. Foto: Nelson Perez/Valor

Mariante: "Prioridade serão setores de petróleo e gás, aeronáutico e serviços" Segundo Mariante, está sendo definido com a Embraer, maior cliente individual do BNDES-Exim, modelo de co-financiamento à empresa aérea. A idéia é tornar regulares operações nas quais o BNDES participa do financiamento à Embraer em parceria com bancos privados. No passado, esse tipo de operação era feita caso a caso. O modelo em discussão é bom para o BNDES porque permite ao banco reduzir o seu risco no setor aeronáutico e, também, possibilita à Embraer diversificar suas fontes de financiamento. "A Embraer está cada vez menos dependente (do BNDES) porque a empresa tem uma imagem de qualidade e produtos competitivos, o que leva os bancos internacionais a, cada vez mais, se interessarem em financiar esse tipo de operação", diz. Em 2004, a Embraer representou 26% (US$ 1 bilhão) das liberações totais do BNDES-Exim. Em 2005, a empresa deve demandar volume semelhante. Mariante afirmou que o BNDES também trabalha com a Embraer para aumentar o índice de nacionalização das aeronaves. Luiz Antonio Araujo Dantas, superintendente do BNDES-Exim, acrescentou que o esforço consiste em desenvolver novos fornecedores no Brasil. Dantas destacou que o aumento dos desembolsos à exportação, pelo BNDES, será puxado neste ano por empréstimos a projetos de petróleo e gás da Petrobras e por liberações para empreendimentos que incluem a venda de bens e serviços a países da América Latina, como a Venezuela. Os financiamentos para a produção de bens a serem exportados, a chamada linha de pré-embarque, também vão contribuir para o crescimento dos desembolsos. Em 2004, a linha de pré-embarque, que financia a produção de equipamentos, permaneceu suspensa até junho, sendo retomada no segundo semestre. Em 2005, a linha estará acessível o ano todo. Nessa modalidade, o exportador tem 18 meses para liquidar a operação, mas o prazo pode chegar a 30 meses, dependendo do ciclo de produção do equipamento. Para 2005, o banco continuará a oferecer, nas linhas de pré-embarque para bens de capital e pequenas e médias empresas, financiamentos a custo de TJLP, sem variação cambial. Para os demais setores, parte do custo das linhas de pré-embarque seguirá atrelado à variação de uma cesta de moedas. Em 2004, as pequenas e médias empresas demandaram do BNDES US$ 83,6 milhões para financiar suas exportações. Em 2003, esse montante tinha sido de US$ 123,2 milhões. Para 2005, não há meta: "O céu é o limite", diz Armando Mariante. Uma das ferramentas do banco para aumentar os empréstimos às pequenas e médias empresas no comércio exterior é o programa Empresa Âncora, lançado no fim de 2004 para financiar tradings ou indústrias que compram partes e peças de pequenos produtores.