Título: Virgílio pede votos à oposição e à Fiesp
Autor: Cristiane Agostine
Fonte: Valor Econômico, 10/02/2005, Política, p. A6

O candidato dissidente à presidência da Câmara, deputado Virgílio Guimarães (PT-MG), afirmou que vai continuar buscando na oposição os votos necessários para conseguir sua eleição. A quatro dias da eleição, Virgílio disse ser "natural" pedir votos de partidos como o PSDB. Ontem visitou o governador de Sergipe, João Alves Filho (PFL). Em seguida, reuniu-se no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) em busca dos 52 votos da bancada tucana. "Tenho uma relação muito bem resolvida com o PSDB. Espero ter apoio da imensa maioria", disse Virgílio. Na semana passada, Alckmin recebeu a visita do candidato oficial da bancada petista , Luiz Eduardo Greenhalgh. "Dialogo com a oposição sim, porque minha vida foi assim. Minha candidatura é de uma pessoa coerente", afirmou o deputado. A busca de apoio de Virgílio desagradou o presidente do PT, José Genoino. Na semana passada, o deputado encontrou-se com o secretário de Governo do Rio, Anthony Garotinho (PMDB). Garotinho afirmou que votaria em Greenhalgh se ele não fosse patrocinado pelo ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu: "O patrocínio da candidatura de Greenhalgh é do Dirceu. Ele jogou o governo federal contra o Rio de Janeiro". Em entrevista à página do PT na internet, Genoino disse ver com "tristeza" o "abraço do Virgílio com o Garotinho": "Lamento que a candidatura do Virgílio esteja sendo instrumentada pelo Garotinho para fazer seu proselitismo costumeiro e sectário contra o governo. Os petistas do Rio de Janeiro e os prefeitos do partido no Estado sabem bem quem são Garotinho e a governadora Rosinha Matheus." Questionado sobre a posição de Genoino, Virgílio disse ser natural buscar apoio em políticos que não se alinham ao governo federal. "Não gosto de dar alfinetadas, nem de bravatas. É absolutamente necessário o diálogo com Garotinho. Sou candidato à presidência da Câmara, não o candidato da oposição. Falar com o Garotinho é natural, partindo de mim. O presidente da Casa dialoga com todos". O deputado petista disse não ter medo de expulsão e "medita" sobre os pedidos de Genoino para que desista. "Minha candidatura continua firme. Não há punição sem crime. Não há desrespeito nenhum ao meu partido." O nome do sucessor de João Paulo Cunha será definido na segunda-feira. Alckmin reafirmou que a bancada tucana definirá seu apoio no dia 14, data da eleição. Dos 512 congressistas, Luiz Eduardo Greenhalgh, soma 360 votos. Virgílio não quis quantificar o apoio dos deputados. "Não trato os deputados como números. Não faço exibição de apoio, nem de nomes, nem de números", disse Virgílio, que estava acompanhado pelos deputados Ivo José (PT-MG), Jovair Arantes (PTB-GO), Ricarte de Freitas (PTB-MT), Arnon Freitas (PTB-CE) e João Leão (PL-BA). Depois da visita ao governador paulista, Virgílio almoçou com o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, e defendeu mudanças na MP 232, que trata do Imposto de Renda. "É evidente que há uma reformulação importante a ser feita. A adaptação e redução dos efeitos negativos da MP deve ser prioridade". Os empresários reivindicam mudanças. "Tirando o reajuste de 10% da tabela, os demais pontos da MP incomodam. Alguns são mais importantes, como o aumento da base de cálculo, o aumento da carga tributária (de 32% para 40%) e a questão do Conselho de Contribuintes", disse Skaf. O presidente da Fiesp reuniu-se na sexta-feira com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Brasília e deve encontrar-se novamente com Lula e o ministro Antonio Palocci nesta semana. "A MP não nos agrada porque ela aumenta a carga tributária. A expectativa é positiva. Lula é ocupadíssimo e se não houvesse a intenção de fazer mudanças, não convocaria a reunião." A proposta que Skaf levará rejeita qualquer tipo de aumento na carga tributária. "Já tem um aumento a ser acertado do exercício passado e havia um compromisso de não aumentar a carga tributária em 2004. Com os últimos números do PIB vamos fazer um cálculo exato". Caso o aumento seja superior a um ponto percentual, Skaf disse que vai negociar a compensação.