Título: A turma do fico na Câmara
Autor: Khodr, Carolina
Fonte: Correio Braziliense, 05/02/2011, Política, p. 8

Apesar do hábito já conhecido da maioria dos parlamentares de não comparecer à Câmara Federal às sextas-feiras, houve quem trabalhou na véspera do fim de semana. A Casa registrou a presença de 41 deputados ¿ menos de um décimo das cadeiras legislativas. Desses, apenas 16 fizeram uso da palavra nos expedientes do plenário, que ontem duraram apenas duas horas.

Entre aqueles que optaram por se pronunciar, mesmo com a Casa vazia, estava o deputado Edson Silva (PSB-CE). O parlamentar que está em seu terceiro mandato como federal disse que pretende fixar moradia em Brasília para exercer melhor as suas funções no Legislativo. ¿Depois da renovação salarial, não se pode mais reclamar. Temos que levar isso em consideração e mais do que nunca nos dedicar ao mandato. A ausência de parlamentares no plenário chama a atenção da população. A tendência é mudar esse comportamento¿, diz. O deputado já solicitou um apartamento funcional, onde deve morar com a esposa. Por enquanto, eles estão hospedados em um hotel.

Já o deputado Eleuses Paiva (DEM-SP), um dos cinco parlamentares que assumiram ontem o cargo de suplente, ainda precisa convencer a esposa a se mudar para Brasília. Enquanto isso, ele planeja passar mais tempo próximo à Casa. ¿Pretendo tentar conciliar minha profissão com o mandato. Sou médico e não quero deixar minha profissão. Mas, pelo menos nos próximos três meses, vou ficar por aqui para acompanhar de perto toda a atividade parlamentar¿, explica. O deputado, que já presidiu a Associação Médica Brasileira, diz que vai atuar prioritariamente na área da saúde. ¿O financiamento da saúde é um dos temas que quero discutir. Saúde e segurança pública são as maiores cobranças da população¿, diz.

A família também pesa na decisão do deputado Luiz Fernando Machado (PSDB-SP). ¿Tenho um bebê de 60 dias, que está com minha mulher em Jundiaí. Acho que vamos esperar pelo menos ele completar seis meses para fazer a mudança¿, explica. ¿Mas quero estar presente em todos os dias em que houver sessão. Então, ficarei na cidade de segunda a sexta-feira e, na sexta à tarde, viajo para São Paulo¿, completa. O deputado diz que pretende criar uma frente parlamentar pela qualificação profissional dos jovens. ¿Falta mão de obra qualificada no país. Temos que dar mais atenção aos jovens brasileiros e oferecer condições para que sejam melhor empregados¿, justifica.

O dono do 1º projeto

» Juliana Cipriani

O deputado federal Weliton Prado (PT-MG), estreante em Brasília, levou para a Câmara uma tática política que se tornou marca registrada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais: a de correr na frente para apresentar os primeiros projetos de lei da legislatura. E, desta vez, nem precisou dormir na fila. O petista conseguiu protocolar praticamente metade das 178 proposições de 2011 disponíveis no site da Casa. Registrou 93 itens, incluindo alguns requerimentos.

Com base eleitoral no Triângulo Mineiro, o parlamentar chegou a dormir na fila do Legislativo do estado para ter a primazia das propostas. Em Brasília, ele chegou às 9h30 no setor. Somente três horas e meia depois outros parlamentares começaram a aparecer. Das quase 100 propostas apresentadas por Weliton, muitas se referem à carga tributária. Ele propõe, por exemplo, a isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para prefeituras na compra de carros. Outros interesses foram na área de defesa ao consumidor, como a proibição de cobrança de estacionamento em shoppings e supermercados.

A sede de ser o primeiro, segundo o petista, é apenas o seu modo de trabalhar. ¿Em todos os mandatos de que participei sempre apresentei primeiro, é algo simbólico¿, diz. Das 173 proposições que apresentou na Assembleia de Minas, apenas 43 foram transformadas em norma jurídica e, delas, 31 concediam título de utilidade pública a entidades.