Título: Dólar tem 8ª baixa e vai a R$ 1,6720
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 28/02/2008, Finanças, p. C1

A política monetária do Federal Reserve (Fed), cuja prioridade é impedir a instalação de um processo recessivo nos EUA, em detrimento do combate à inflação, está debilitando o dólar frente às moedas internacionais. Os sinais de que o Fed fechará os olhos para a inflação elevada e persistirá reduzindo o juro básico americano foram reforçados ontem em discurso do presidente Ben Bernanke. O Fed "agirá no momento oportuno, da forma necessária, para sustentar o crescimento e proporcionar a garantia adequada contra riscos", afirmou.

Os contratos futuros de fed funds (fundos de reservas bancárias indexados ao juro básico) têm 100% de certeza de que a taxa cairá de 3% para 2,5% na próxima reunião de política monetária, no dia 18 de março. Desde o terceiro trimestre do ano passado, o Fed reduziu o juro referencial em cinco ocasiões, sendo duas em janeiro. A taxa passou de 5,25%, no início de agosto, para os atuais 3%.

Os novos sinais de afrouxamento emitidos por Bernanke enfraqueceram ainda mais a moeda americana. O recado levou ontem o dólar a seu mais baixo patamar em relação ao euro. A cotação do euro ultrapassou a marca de US$ 1,51.

Entre as moedas mais beneficiadas pela fraqueza do dólar está o real brasileiro. Ontem foi o oitavo dia consecutivo de desvalorização do dólar no mercado interno. Neste período, a moeda caiu 4,62%. Fechou ontem em queda de 0,71%, cotada a R$ 1,6720, menor preço desde 18 de maio de 1999. Além dos fundamentos da economia brasileira, os investidores estrangeiros são atraídos pelo elevado diferencial entre os juros internos e externos, atualmente em 8%. E, além dos juros altos, ganham a apreciação do real frente ao dólar. Apenas desde o pânico do dia 21 de janeiro até ontem, o dólar caiu 8,63%.

A opção do Fed pelo combate à recessão afasta os fundos de investimentos globais das aplicações denominadas em dólar. Por temor da inflação americana, busca-se proteção em ativos percebidos como reais, como commodities, ações e moedas de países emergentes.